No último sábado, 21 de fevereiro, as 3.500 famílias cadastradas no acampamento Dom Tomás Balduino, no município de Corumbá de Goiás, realizaram uma grande festa da pamonha, comemorando a primeira colheita do acampamento. Foi um momento de celebração e de mostrar a resistência dessas famílias na luta por terra para produzir alimentos saudáveis.
(Antônio Canuto e Cristiane Passos - CPT Nacional)
Para esta festa foram convidados amigos e apoiadores de Brasília e de Goiás, que em grande número se fizeram presentes neste momento de celebração.
O que não faltou foi pamonha. O acampamento está organizado em 22 núcleos de no mínimo 50 famílias. Cada núcleo colheu o milho e fez pamonhas de diversos sabores, além de caldo de milho, curau, bolinho frito, canjica e torta de milho. Também tinha arroz com pequi e frango. Pelas contas dos assentados devem ter sido feitas de 15 a 18 mil pamonhas.
Participaram deste acontecimento religiosos e religiosas de Brasília e Goiás, representantes de diversos movimentos sociais, professores e estudantes das Universidades de Brasília, Federal de Goiás, Estadual de Goiás, além de políticos e familiares de Dom Tomás, inclusive uma irmã sua com mais de 80 anos. João Pedro Stédile, da direção nacional do MST, também esteve no evento
A pamonhada foi acompanhada de um culto ecumênico (no acampamento há pessoas de diferentes igrejas, inclusive pastores evangélicos) e de um ato político em que diversas pessoas tomaram a palavra.
Foi um congraçamento que vai marcar a história dos que dele participaram.
O acampamento, porém, corre sério risco de ser despejado. Uma ordem judicial do juiz de Corumbá determinou a reintegração de posse para o dia 25 deste mês, e o juiz se ausentou da comarca, muito possivelmente para não receber a apelação que os advogados do Movimento elaboraram. Este juiz, no ano passado, 15 dias antes da ocupação, havia emitido uma sentença proibindo o movimento de ocupar. Ocupação efetuada no dia 31 de agosto, já no dia seguinte um minuto depois de ter recebido a denúncia da ocupação, já havia assinado e remetido ao cartório a sentença de reintegração de posse. A ação, porém, não foi executada durante o período eleitoral. Em dezembro já estava montada a operação de despejo para a qual foram mobilizados 5.000 policiais da Polícia Militar de Goiás. Mas, o Tribunal de Justiça do estado, na véspera da execução do despejo, em decisão liminar sustou a ação para evitar a eclosão de um massacre no local.
Está convocada para o dia 26 uma reunião do CNJ, Conselho Nacional de Justiça, que vai discutir a situação. O MST espera que até lá o despejo não aconteça. E estão sendo feitas negociações e articulações para se evitar o despejo.
Para quem não sabe, a área ocupada pertence ao senador Eunício de Oliveira, do Ceará que adquiriu, com diversas formas de pressão, 88 propriedades declaradas à justiça eleitoral nos municípios de Corumbá de Goiás, Alexânia e Abadiânia.
A CPT de Goiás ajudou a organizar o culto ecumênico e três agentes da CPT nacional participaram da festa.