O Encontro Mundial de Movimentos Populares, que tem início nesta segunda-feira (27/10) e vai até quarta-feira (29/10), é considerado por seus participantes como algo sem precedentes, pois ocorre no Vaticano, com a participação de diversos movimentos sociais e bispos.
(MST)
O Papa Francisco vem se aproximando dos movimentos e organizações sociais para discutir e procurar soluções para os problemas do mundo.
O Encontro Mundial de Movimentos Populares, que tem início nesta segunda-feira (27/10) e vai até quarta-feira (29/10), cumpre essa função. O evento é considerado por seus participantes como algo sem precedentes, pois ocorre no Vaticano, com a participação de diversos movimentos sociais e bispos.
O arcebispo argentino Marcelo Sánchez Sorondo, chanceler da Pontifícia Academia das Ciências Sociais, explicou que "o Papa Francisco compreendeu que, devido ao que ele chamou de 'globalização da indiferença', há muitas pessoas que não têm lugar ou reconhecimento na sociedade, nem por parte do Estado, nem por parte da sociedade civil, e que, se essa pessoa não for integrada, dá origem a manifestações para reivindicar os direitos, porque, se não se resolvem as injustiças nem as desigualdades, não se resolvem os problemas".
O Encontro é uma continuação do debate ocorrido no Vaticano em novembro de 2013, também com a participação de alguns representantes de movimentos sociais.
“Hoje temos que dizer ‘não’ a uma economia que exclui. Essa economia mata...hoje tudo entra no jogo da competitividade e da lei do mais forte onde os poderosos devoram os mais fracos. Como consequência desta situação, grandes massas da população se vêem excluídas e marginalizadas: sem trabalho, sem horizontes, sem saída”, afirma a carta assinada no ano passado após o evento.
Da mesma forma, o Encontro que ocorre agora tem por objetivo “elaborar uma síntese da visão dos movimentos populares em torno das causas da crescente desigualdade social e do aumento da exclusão em todo mundo, principalmente a exclusão da terra, do teto e do trabalho”, e “propor alternativas populares para enfrentar os problemas gerados pelo capitalismo financeiro, a prepotência militar e o imenso poder das transnacionais, como a guerra, a fome, desemprego, exclusão, despejos e miséria, com a perspectiva de construir uma sociedade livre e justa”.
Pão, Terra e Lar
O evento vai abordar três eixos de discussão, chamados simbolicamente de “Pão”, “Terra” e “Lar”. O primeiro se refere às condições de vida dos trabalhadores informais e jovens e as problemáticas do mundo do trabalho; a segunda vai discutir o campesinato, a agricultura, soberania alimentar e a questão ambiental; e a terceira, as periferias urbanas, a vida precária na cidade. Dois outros temas completam o debate: “Ambiente e mudanças climáticas” e “movimentos pela paz”.
“O Encontro vai abordar as causas estruturais e sistemáticas das situações de marginalidade das quais padecem os seus representantes. Com a mesma perspectiva vamos debater as mudanças climáticas e a guerra. Uma mudança do nosso modelo de desenvolvimento econômico requer necessariamente a opinião e participação daqueles que sofrem as lamentáveis consequências do modelo vigente, para que se busque efetivamente um progresso social que respeite a inclusão de todos”, afirma a pauta do evento.
Além disso, o encontro deseja discutir a relação entre a igreja e os movimentos sociais, e como se pode avançar na criação de uma instância de articulação e colaboração permanente.
Dentre os presentes no encontro, estão João Pedro Stedile, do MST/Via Campesina, e Evo Morales, não como presidente da Bolívia, mas como ex-líder indígena dos plantadores de coca do país. Os presentes terão uma reunião com o Papa Francisco na terça-feira (28/10)