Foi lançado na manhã de ontem, 15 de maio, na Câmara dos Deputados, em Brasília, o Fórum Social Temático Energia, que será realizado entre 7 e 10 de agosto desse ano, na Universidade Nacional de Brasília (UNB). Maiores informações: www.fst-energia.org
Com a presença do deputado federal pelo PSOL do Rio de Janeiro, Chico Alencar, o ato contou com a presença de parte da equipe de facilitação para a realização do Fórum, bem como de militantes, apoiadores e representantes de movimentos e organizações sociais e de comunidades tradicionais.
Chico Whitaker, ativista social e membro da Comissão Brasileira Justiça e Paz, destacou, durante o ato de lançamento, os diversos impactos negativos das matrizes energéticas defendidas pelos governos no mundo, principalmente sobre o meio ambiente. O perigo do uso de energia nuclear, defendida pelo governo brasileiro, e a crescente construção de usinas hidrelétricas no Brasil, em detrimento dos direitos dos povos tradicionais presentes nas áreas em que elas serão instaladas.
“Não há uma política de avanço tecnológico em vista de diversificar a geração de energia. A energia e a luta pela produção de energia pode ser uma prática a mais para buscas aumentar os espaços de incidência humana. A energia, assim como os outros recursos naturais, não podem ser mercadoria de empresas”, destacou o cientista social Ivo Poletto, membro do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social e participante da equipe facilitadora do Fórum Temático.
Maria Eliene, pescadora do Ceará e membro do Movimento dos Pescadores e Pescadoras (MPP), defendeu que os pescadores não são contra a produção de energia eólica, mas são contra, sim, o modelo de produção desse tipo de energia desenvolvido atualmente no Brasil. Segundo ela, as áreas onde são construídas as torres de produção de energia através do vento, na região litorânea do Ceará, são cercadas e os pescadores impedidos de atravessar para chegar ao mar. Dessa forma, muitas vezes eles perdem o horário da maré, por terem que fazer um trajeto muito maior para chegar até o mar. Além disso, existem outros impactos desse modelo para o meio ambiente local, como o uso de cerca de 1.500 litros de água potável para a construção de cada torre, enquanto a comunidade local sofre com a escassez de água. Maria ressaltou que é preciso buscar novas tecnologias e outros modelos de geração de energia a partir do vento, de forma a não gerar impactos sociais e ambientais.
O Fórum Temático é uma iniciativa da sociedade civil e se insere no processo do Fórum Social Mundial, cuja metodologia prevê a realização de atividades autogestionadas, ou seja, organizadas pelos próprios participantes. Somente nesse ano de 2014, mais de 40 fóruns sociais nacionais, regionais ou temáticos serão realizados em vários países.
O Fórum Social Temático Energia traz como tema central “Energia: para quê? Para quem? Como?”, e irá debater formas alternativas de produção de energia, de forma a diversificar as matrizes energéticas geradoras de energia e garantir menos impactos ao meio ambiente e aos grupos sociais.
Maiores informações: www.fst-energia.org