No próximo dia 1 de novembro, sexta feira, haverá, a partir das 19h00, o lançamento do livro “Terra em Alagoas: Temas e problemas” durante uma mesa redonda sobre o sem terra e a sociedade, na sala Caetés, na VI Bienal do livro em Maceió, Alagoas. Uma coletânea organizada pelo prof. Sávio de Almeida, Josival Oliveira e Carlos Lima, coordenador da CPT Nordeste II.
Uma Coleção e seus Objetivos
De há muito os organizadores tinham como objetivo criar uma Coleção a ser lançada pela Editora da Universidade Federal de Alagoas, composta por livros que discutissem a questão da terra no Nordeste, especialmente em Alagoas, abordando os mais variados aspectos, incluindo trabalhadores rurais, pequenos proprietários, camponeses, quilombolas, índios e semterra.
A Coleção nasce com a consciência de que deve ser um espaço de debate, do enunciado de posições as mais diversas possíveis e abrangendo, abertamente, o espectro de problemas que estão nas práticas culturais, econômicas, políticas e sociais ligadas direta ou indiretamente ao seu tema central.
Especialmente para Alagoas, a terra é um fator essencial para se explicar o poder. Ela foi o elemento essencial na construção do agrarismo que durante séculos foi a base de nossa política e que ainda persiste, apesar de raros sinais de mudança que se evidenciam, sobretudo a partir da década de sessenta, quando teve início o processo de acentuada urbanização. Por agrarismo alagoano está sendo entendido o modo como o poder se organizou e viveu, tomando como base a estrutura fundiária de privilegiamento da propriedade da terra e que vem das raízes coloniais.
Hoje, Alagoas conta com geração de semterra, vinda de pioneiros na luta pela consolidação de práticas de democratização da propriedade; conta com territórios quilombolas, conta com terras indígenas e, então, conta com uma grande novidade em sua vida política: a organização de excluídos em busca do direito à terra. Talvez este seja o principal fator de renovação de nossa mesmice política. Os movimentos passaram a superar os partidos como expressão da sociedade civil.
É neste compromisso com justiça, liberdade, renovação política e o retorno da prioridade para reforma agrária, que esta Coleção é lançada. E abriga tanto o Estado quanto a sociedade civil, sendo assim inaugurado um formato em que a tensão política se expressa diretamente relacionada à terra. É um ambiente necessariamente aberto para que possa ouvir as mais diversas posições e leituras sobre a realidade alagoana, partindo-se posteriormente para o âmbito nordestino em novos volumes da Coleção.
A Coleção é decorrente da atividade do Grupo de Estudos Alagoas: Terra, que realizará, todos os anos, Encontro sobre a problemática da terra, com temas específicos e manterá, também, um Seminário a ser realizado dentro da programação da Bienal do Livro, mantida pela Editora da Universidade Federal de Alagoas. É de tais atividades que surgirão as próximas coletâneas. E esperamos uma vida fértil e útil. Uma ênfase a ser dada na história da terra no Nordeste.