COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Comunidades de Fundo e Fecho de Pasto da Bahia divulgaram ontem, 9 de outubro, Nota Pública em que reforçam suas lutas pela garantia dos territórios tradicionalmente ocupados, e os direitos dos povos e comunidades tradicionais. Confira o documento:

 

Nota Pública dos Fundos e Fechos de Pasto da Bahia

 

No Estado da Bahia, há existência de inúmeras comunidades tradicionais no meio rural, em especial, as denominadas comunidades "fundos e fechos de pasto".  Tais comunidades convivem com o campo, tendo sua sobrevivência, seu sustento e sua cultura ligadas à terra. A luta destas comunidades também é relevante, não é de hoje que as mesmas lutam contra a indústria da seca, latifúndio e, agora, as mazelas trazidas pelo Agronegócio e grandes projetos de desenvolvimento (Mineradoras, Parques Eólicos, hidrelétricas). Hoje, graças a luta de comunidades tradicionais no Brasil e no mundo, temos um aparato jurídico que defende o modo de vida e os direitos territoriais, garantidos, inclusive, pela Constituição Federal e Convenções Internacionais, da qual o Brasil assina. No entanto, o Estado da Bahia tem agido com descaso com as comunidades. Tanto na questão da regularização fundiária, como na questão de promover condições de permanência na terra, garantindo a soberania alimentar, hídrica, cultural, socioambiental, etc. 

 

Quanto às nossas terras, temos como horizonte, a segurança jurídica das terras tradicionalmente ocupadas. Ou seja, o reconhecimento (já garantido juridicamente) de que as comunidades possuem direitos territoriais, respeitando suas posses. Na situação concreta, percebemos que o Título definitivo das terras é um instrumento importante para essa segurança. 

 

Em 2012 foi apresentado o PL 19.965  na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, pelo Poder Executivo Estadual, que trata da regularização fundiária das comunidades de fundo e fecho de pasto (Hoje, discutido, no PL 20.417/2013). A Articulação Estadual de Comunidades de Fundo e Fecho de Pasto teve o entendimento de que, diante da atual conjuntura, embora não seja o horizonte das comunidades, seria necessário que o Projeto representasse, minimamente, os anseios destas populações que tradicionalmente ocupam esses territórios. No entanto, o projeto se mostra imensamente frágil, especialmente, em alguns pontos: O estabelecimento de uma data para que fosse protocolado o auto-reconhecimento, desrespeitando a Convenção 169 da OIT, e emendas que comprometem direitos fundamentais das comunidades tradicionais. A articulação repudia o projeto nesses termos, por entender que fere direitos historicamente conquistados, especialmente, nossa Lei Maior, a Constituição Federal.

 

A Articulação Estadual de Fundo e Fecho de Pastos continua na luta pela permanência e defesa dos seus territórios, com seus modos de vida e sua cultura. Continuaremos, também, exigindo do Estado, que garanta condições da permanência efetiva desses povos em seus territórios, e que suas políticas públicas sejam voltadas não mais para os interesses e lucros privados de poucos, em detrimento do interesse, da voz, da dignidade e da vida da população.

 

"Fundos e Fechos de pasto, nosso jeito de viver em nosso território"

 

Senhor do Bonfim, 09 de outubro de 2013. 

 

Articulação Estadual de Fundos e Fechos de Pasto

Save
Cookies user preferences
We use cookies to ensure you to get the best experience on our website. If you decline the use of cookies, this website may not function as expected.
Accept all
Decline all
Read more
Analytics
Tools used to analyze the data to measure the effectiveness of a website and to understand how it works.
Google Analytics
Accept
Decline
Unknown
Unknown
Accept
Decline