Durante a visita de ontem, 5 de setembro, à Chapada do Apodi, representantes da Igreja Católica do RN se solidarizam com a situação das famílias camponesas que estão sendo desapropriadas de suas terras, para dar lugar ao Projeto de Irrigação que beneficiará cinco multinacionais para plantação de frutas para exportação. “Estamos aqui por sabermos que terra é vida, é a garantia de um futuro. Todos precisam de terra, de água e de vida digna”, disse dom Mariano Manzana.
O padre Talvacy Chaves também manifestou apoio às famílias: “Estamos aqui primeiramente para manifestar apoio e solidariedade às famílias acampadas e, segundo, para dizer não a esse Estado que se curva para o agronegócio, para o grande capital e vira às costas para a agricultura familiar. Esse Estado que não escuta o grito dos pequenos agricultores é clientelista, capitalista e autoritário e, portanto, violador dos direitos humanos”.
O arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, que também compôs a comitiva da Igreja declarou: “Não somos contra o progresso, mas ele precisa priorizar a vida e a dignidade das pessoas em terras tão férteis. E que essa área sirva para quem nela está trabalhando com justiça e dignidade”, destacou. . “E a Igreja estará presente para dialogar, ser firme na defesa da segurança da terra e no modo de vida digno”, completou dom Mariano.
O Projeto de Irrigação da Chapada do Apodi está sendo capitaneado pelo Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS). O projeto pretende aproveitar cerca de treze mil hectares desapropriados para a implantação de um programa de fruticultura irrigada. Na localidade, compreendendo a área a ser desapropriada e a de influência indireta, hoje habitam cerca de 800 famílias divididas em 30 comunidades rurais.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Apodi, Francisco Edilson Neto, defendeu que os hectares desapropriados sejam para o povo e não para algumas empresas. “A Chapada já teve o agronegócio e não funcionou. E agora nós pedimos aos bispos que possam intermediar o nosso pleito junto ao governo federal, para mostrar um projeto que há vinte anos funciona com a agricultura familiar”, disse o dirigente sindical.