COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

"Vocês como protagonistas, são a única possibilidade de solução. Os poderosos tem medo dos povos indígenas. Vocês não podem perder a oportunidade de se unir cada vez mais. O que faz tremer é a força de vocês". Declaração de Dom Tomás Balduino, conselheiro permanente da CPT, durante 2ª Assembleia dos Povos Indígenas de Goiás e de Tocantins, que acontece em Palmas (TO).

 

 

2ª Assembleia dos Povos Indígenas de Goiás e do Tocantins

 

Tudo muito lindo. Uns pintando os corpos, outros construindo os barracos ou circulando no pátio da grande aldeia Palmas. Muitos povos irmanados, sonhos somados, lutas fortalecidas! São quase 500 representantes dos povos Xerente, Krahô, Apinajé, Krahô Kanela, Karajá de Xambioá, Karajá da Ilha do Bananal, Javaé, Avá Canoeiro, Guarani, Tapuia, Canela do Tocantins. 

 

Os povos indígenas desta região têm uma longa tradição de luta por seus territórios e direitos, de resistência. Já na década de 70 enfrentaram os invasores de suas terras e nas décadas seguintes tiveram que lutar contra as invasões das hidrelétricas, estradas, hidrovias e o latifúndio. Nos últimos anos, através dos processos intensivos de formação política e participação de mobilizações locais, regionais e nacionais, construíram processos de articulação, solidariedade com as lutas dos povos indígenas em nível nacional. As assembleias indígenas passaram a ser um desses espaços de articulação das lutas, de traçar estratégias comuns e animar a esperança e solidariedade.

 

Na 1ª Assembleia dos povos indígenas, realizada em maio de 2010, um dos grandes desafios debatidos foi a questão dos grandes projetos e o modelo de desenvolvimento do país.  Conforme depoimento de Alderez Kraho Kanela, “esse desenvolvimento está matando os povos indígenas da região e do país. Esse progresso é tristeza, é morte. Nós queremos viver do nosso jeito. O que devemos preservar em nosso país é a vida”. 

 

Na conversa com a deputada federal Dorinha, Izabel Xerente foi dura ao denunciar a permanente perturbação em que vivem por causa dos brancos, por causa dos pistoleiros que estão assassinando os índios. Concluiu sua fala enérgica dizendo: “Eu não tenho medo de morrer. Posso morrer em cima dos meus direitos”.

 

Conforme Antônio Apinajé, “vivemos em estado de apreensão, submetidos e ameaçados por uma campanha muito forte, contra nossos direitos e nossa esperança. Estamos sendo constantemente bombardeados por medidas que visam tirar nossos direitos”.

 

Antônio Apinajé coordenou a mesa de abertura da 2ª Assembleia, da qual participaram lideranças dos povos indígenas, representantes da Universidade Federal e do Ministério Público e Dom Tomás Balduino, como um dos fundadores do Cimi, e Dom Pedro Brito Guimarães, arcebispo de Palmas.

 

Por que estamos aqui?

 

Com essa interrogação Jucélia Krahô disse querer dar um recado ao governo, pois os indígenas bem como os ribeirinhos, camponeses e outros estão muito tristes com o que o governo vem fazendo. “Nós somos o broto da terra. Queremos que o governo nos respeite. Somos impactados. Não quero que esses grandes projetos vão adiante. Estão querendo matar nosso povo com veneno”.

 

Dom Tomás falou com muito vigor, a partir de sua longa história de luta, com seus mais de 90 anos: “A situação dos povos indígenas nunca esteve tão ruim. O governo está contra vocês. Em tempos passados os índios eram caçados. Hoje matam retirando a terra. Isso fazem na lei, retirando os direitos da Constituição. Acho que a única força para conter essa política de morte,  é a união de vocês. Vocês como protagonistas, são a única possibilidade de solução. Os poderosos tem medo dos povos indígenas. Vocês não podem perder a oportunidade de se unir cada vez mais. O que faz tremer é a força de vocês. Vocês são a solução, a alma do nosso povo”.

 

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