Acampamento foi montando no início da manhã de ontem, inicialmente com a participação de 700 pessoas. Hoje são cerca de 1000 pessoas, que participaram, também, da Marcha das Centrais Sindicais. Após assembleia realizada na noite de ontem, dia 6, os participantes do Acampamento decidiram batizá-lo como Acampamento Nacional Hugo Chávez, em homenagem ao presidente venezuelano, que faleceu no fim da tarde de ontem.
Na manhã de ontem, 5 de março, cerca de 700 mulheres camponesas montaram um acampamento Sem Terra em Brasília, num terreno ao lado do prédio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
A atividade faz parte da Jornada de Lutas das Mulheres da Via Campesina, que ocorre anualmente no mês de março, e tem como objetivo principal pressionar o governo federal para realização da Reforma Agrária. O acampamento, que acontece por tempo indeterminado, conta com aproximadamente 700 pessoas e a pretensão é concluir a jornada desta semana com pelo menos 2 mil.
Segundo Rosana Fernandes, da coordenação nacional do MST, “o objetivo principal do acampamento é pressionar o governo para que assente as 150 mil famílias acampadas no país”, afirma.
Como alternativa ao modelo de agronegócio, a Jornada defende o modelo de agricultura baseado na produção agroecológica e na defesa da nossa soberania alimentar. Ou seja, defende a realização da Reforma Agrária para desenvolver o país e eliminar a pobreza.
O atual momento político bloqueia a realização da Reforma Agrária, que é chave para a porta do desenvolvimento de uma agricultura saudável e agroecológica. Atualmente 30% dos alimentos consumidos pelos brasileiros são impróprios para o consumo somente por conta da contaminação por agrotóxicos, segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A produção de alimentos saudáveis e a soberania alimentar é uma pauta defendida pelas camponesas. “Esta é uma pauta que pretendemos manter presente em nossa jornada de luta e o acampamento que permanece em Brasília, por tempo indeterminado, deve dialogá-la inclusive com a sociedade”, ressalta Rosana.
O acampamento não será apenas um espaço de pressão e reivindicação ao governo. De acordo com Rosana, “além da pressão e negociação com o governo, queremos aproveitar a realização do acampamento nacional para dialogar com a sociedade. Mostrar a ela que defendemos o modelo de agricultura agroecológica e por que o defendemos. Queremos também fazer um processo de formação com a militância que estará permanentemente neste acampamento”, comenta.
Sem Terras acampados participam da marcha das centrais sindicais
Nesta quarta-feira (6), o Acampamento Nacional Sem Terra, o Acampamento Hugo Chávez, somou-se à Marcha da Classe Trabalhadora em Brasília (DF). Com o tema “Em defesa da cidadania, do desenvolvimento e da valorização do trabalho”, a marcha também reivindica a reforma agrária e a soberania alimentar no Brasil.
“A unidade entre os trabalhadores camponeses e urbanos é fundamental nesta fase da luta por reforma agrária. O acesso à terra é primordial para desenvolver um modelo de agricultura em que a soberania alimentar seja princípio. Negamos o agronegócio e o latifúndio que andam de mãos dadas, com sua produção baseada no uso de venenos, no trabalho escravo”, diz Rosana Fernandes, integrante da coordenação nacional do MST.
O acampamento Hugo Chávez também protesta contra a judicialização do processo de aquisição de terras. “O processo de aquisição de terras, muitas vezes, acaba na mão de juízes que não aplicam a Constituição e a Lei Complementar, que dispõe que o processo de desapropriação, deve obedecer rito sumário e deve ter trâmite preferencial”, complementa Fernandes.
No campo penal, dos mais de 1.600 casos de assassinatos de lideranças populares desde a redemocratização até agora, somente 70 casos chegaram aos tribunais para julgamento. E ainda assim a maioria deles foi inocentada. Foram raros os casos de condenação.
Homenagem a Hugo Chávez
Após assembleia realizada na terça (5), os acampados decidiram batizar o acampamento nacional por Hugo Chávez, em homenagem ao presidente venezuelano que faleceu vítima de um câncer. O Acampamento Nacional Hugo Chávez já é composto por 1000 pessoas.