COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

por Vívian Marler / Assessora de Comunicação do Regional Norte 2

A ocupação indígena, que acontece há 17 dias, reivindica a revogação da lei que substitui as aulas presenciais por ensino à distância nas comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas

Na manhã desta quinta-feira (30), pastorais e organismos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB Regional Norte 2, como a Comissão Pastoral da Terra – CPT e a Rede Eclesial Pan-Amazônica – Repam, visitaram os povos indígenas e comunidades tradicionais que ocupam há 17 dias, de forma legítima, a Secretaria Estadual de Educação – Seduc, em Belém (PA), e reivindicam a revogação da Lei 10.820/2024 e a exoneração do secretário de Educação, Rossieli Soares.

Dom José Ionilton Lisboa, presidente nacional da CPT, fez parte da comitiva, que contou com a participação de Cristiane Araújo – secretária executiva do regional, Eduardo Souza – da Repam, Francisco Alan, da coordenação da CPT Regional Pará e Articulação das CPTs da Amazônia, e representantes do Conselho dos Religiosos do Brasil – CRB, no regional norte 2.

A lei 10.820/2024 altera o modelo de ensino em comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas, extinguindo o Sistema de Organização Modular de Ensino – Some, e o Sistema de Organização Modular de Ensino Indígena – Somei, substituindo as aulas presenciais por ensino à distância. As lideranças afirmam que a proposta ignora as especificidades da educação indígena e rural.

Para o presidente nacional da CPT, Dom José Ionilton Lisboa, bispo da Prelazia do Marajó, a visita teve como intuito levar o olhar da Igreja Católica: “fomos visitar levando o pensar e o olhar da Igreja Católica diante da situação, dando o nosso apoio as lideranças presentes como os indígenas, quilombolas e professores, que irão se manter no movimento proposto pelos grupos, porque as tentativas de reuniões com o Estado não avançaram”.

Questionado sobre o que encontrou ao chegar na Seduc, Dom Ionilton respondeu que os grupos estão bem-organizados e firmes em seus propósitos “Na visão dos grupos essa lei prejudica, na visão do movimento, aos professores em geral e aos professores que trabalham dos territórios, no caso dos quilombolas e os que trabalham nas aldeias indígenas alterando elementos de direitos dos professores e alterando a forma de fazer a educação dos indígenas e quilombolas”, explicou o bispo.

“Esse é o retrato do pouco do que nós vimos hoje pela manhã. O que fica de ensinamento para todos nós é a grandeza de quando se olha a consciência dos direitos e luta por eles. Acho que seria importante perceber isso. A organização. Eles estão bem, muito bem-organizados. É uma ocupação pacífica, mas há uma tentativa de fake news circulando aí as redes sociais o que não pode ocorrer. Não houve quebra da depredação do patrimônio. Os grupos são muito bem conscientes da importância do patrimônio público e de sua conservação. Eles estão com muita clareza e cobrando, inclusive as lideranças, cobrando das outras pessoas que respeitem o espaço”, contou Dom Ionilton sobre sua conversa com as lideranças.

Como presidente da CPT, secretário da REPAM e bispo da Prelazia do Marajó, Dom José Ionilton espera que o Governo possa atender as reivindicações “esperamos que os governantes sejam sensíveis as questões dos indígenas e quilombolas, e dos professores. O governo do Pará, que está se preparando para a COP 30, que tocará no assunto Amazônia, na Preservação da Amazônia, direito dos povos que estão na Amazônia, que respeitem esses grupos. A nossa esperança é para que quem está do outro lado, possa pensar melhor. Inclusive porque a lei foi feita de uma forma inadequada, sem discutir com as lideranças das aldeias indígenas e territórios dos povos tradicionais para conhecer melhor suas necessidades”, finalizou Dom Ionilton.

A primeira reunião, que aconteceu na quarta-feira (29), no Palácio do Governo, entre o Governador do Pará, Helder Barbalho, a Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajará, e as lideranças, a negociação terminou sem acordo. Diante disso os povos indígenas se mantem reivindicando seus direitos, na sede da Seduc.

Confira também o Manifesto de Apoio da CPT Regional Pará, publicado no último dia 15/01, em apoio aos povos indígenas, na luta pela educação de qualidade nas comunidades.

Save
Cookies user preferences
We use cookies to ensure you to get the best experience on our website. If you decline the use of cookies, this website may not function as expected.
Accept all
Decline all
Read more
Analytics
Tools used to analyze the data to measure the effectiveness of a website and to understand how it works.
Google Analytics
Accept
Decline
Unknown
Unknown
Accept
Decline