Hoje 08 de agosto de 2020, às 9h40, o bispo Pedro Maria Casaldáliga Plá, encerrou sua caminhada neste mundo. Em 08 de agosto de 1971, o padre Pedro Maria Casaldáliga Plá, mais ou menos neste mesmo horário, aceitava a nomeação para ser bispo.
(Antônio Canuto – membro fundador da CPT, amigo de Pedro)
“… Chamar-me-ão de subversivo
Eu responderei incisivo:
O sou. Pelo meu povo que luta,
Pelo meu povo que trilha apressado
Caminhos de sofrimento.
Eu tenho fé de guerrilheiro
E amor de revolução.
E entre Evangelho e canção
Penso, e digo o que sei.
Se escandalizo, primeiro
Eu me abrasei de Paixão
Na cruz do meu Senhor!”
Dom Pedro Casaldáliga
Pedro havia recebido alguns tempos antes o decreto pontifício nomeando-o bispo da nova Prelazia de São Félix do Araguaia. Ele relutava muito em aceitar. Já tinha escrito uma carta de não aceitação, quando passou por São Félix (MT), Dom Tomás Balduino, OP, bispo de Goiás, com quem padre Pedro comentou sua nomeação e sua decisão de não aceitar.
Dom Tomás então lhe pediu que não enviasse esta carta antes de conversarem melhor, no dia 7 de agosto, quando ele estaria de novo em São Félix para a ordenação sacerdotal do Irmão Manuel Luzón, o companheiro de Pedro que chegara junto com ele ao Brasil para a missão no Araguaia.
De acordo com o que estava agendado, no dia 7 de agosto de 1971, Dom Tomás estava de volta a São Félix, para ordenar o irmão Manuel.
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No dia seguinte à ordenação, todos os agentes de pastoral presentes na Prelazia, padres, irmãs, leigos e leigas, quebrando todas as normas do sigilo pontifício que a estrutura eclesiástica exigia, se reuniram com o padre Pedro e Dom Tomás para discutir a nomeação. Todos concordaram que o padre Pedro deveria aceitar. Ele comentou esta decisão, no livro “Creio na Justiça e na Esperança”, pg. 44:
“decidiram que era melhor o mau conhecido, do que o bom por conhecer. Uma vez mais expus meus limites e idiossincrasias, ‘meu carisma, talvez’. E declarei meu propósito irrevogável de seguir ao povo de Serra Nova – ou a qualquer outro povo da prelazia – se um dia fosse deportado. Nada que a condição episcopal me pudesse impedir”.
A data da ordenação episcopal foi marcada para o dia 23 de outubro, festa do santo fundador da congregação à qual Pedro pertencia, Santo Antônio Maria Claret.