Ocorrido há 5 anos, o Massacre de Pau D'Arco(PA) vitimou dez trabalhadores e trabalhadoras rurais. Ato religioso e cultural denunciará a impunidade do caso.
Andressa Zumpano setor de comunicação da CPT Nacional
Entre os dias 21 a 24 de maio, trabalhadoras e trabalhadores rurais do Acampamento Jane Júlia, Comissão Pastoral da Terra - regionais Xinguara e Marabá e movimentos sociais, realizarão o 5º Ato em Memória das Vítimas do Massacre de Pau D'Arco, na cidade de Pau D'Arco-PA.
Além de fazer memória aos cinco anos do Massacre e as suas vítimas, a celebração denuncia que fazem, também, cinco anos de impunidade, onde a violência no campo continua a se perpetuar naquela região.
No dia 24 de maio de 2022, se faz memória de um dos maiores episódios de violência protagonizados no sul do Pará. Nesta mesma data, no ano de 2017, 10 trabalhadores e trabalhadoras rurais foram assassinados na fazenda Santa Lúcia, em Pau D'Arco. O episódio ficou conhecido como Massacre de Pau D'Arco.
O crime foi resultado de uma operação da Polícia Militar-PM e Polícia Civil do estado do Pará, supostamente organizada para cumprir mandados de prisão contra ocupantes da Fazenda Santa Lúcia/Acamp. Nova Vida (hoje Acampamento Jane Júlia). A operação foi conduzida pela Delegacia de Conflitos Agrários-DECA, com apoio do contingente policial militar e civil de Redenção, Conceição do Araguaia e Xinguara.
Com as investigações realizadas pela Polícia Federal, identificou-se que pelo menos 17 policiais, entre militares e civis, estiveram envolvidos no massacre. Através de um trabalho de apuração minucioso, suas condutas foram individualizadas e a denúncia, oferecida pelo Ministério Público do Pará-MP/PA.
Após o transcurso da instrução processual os policiais passaram a responder ao processo em liberdade. O júri referente ao caso, ainda sem data prevista, ocorrerá após o julgamento dos recursos apresentados tanto pela defesa dos acusados, quanto pelo Ministério Público.
Além da morosidade na identificação e punição dos autores, a área do massacre, a Fazenda Santa Lúcia, continua no centro da disputa em uma ação possessória. Atualmente ocupada por 200 famílias de trabalhadores rurais, alguns deles familiares de vítimas e sobreviventes do massacre, a fazenda havia sido negociada para que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA a comprasse e destinasse para a reforma agrária. A solução não chegou a ser concretizada. Dessa forma, as 200 famílias correm o risco de despejo iminente.
A omissão do Estado com relação à violência cometida contra os trabalhadores do Acampamento Jane Júlia continuou fazendo novas vítimas, após o Massacre um sobrevivente, foi assassinado, após relatar que vinha sofrendo ameaças.
Fernando dos Santos Araújo, foi morto em 26 de janeiro de 2021, dentro de seu lote, na Fazenda Santa Lúcia. Ele era considerado como uma das principais testemunhas do caso.
Diante da ausência de respostas e permanente impunidade, trabalhadores sem terra do Acampamento Jane Júlia, Comissão Pastoral da Terra - regionais Xinguara e Marabá e movimentos sociais, realizarão o 5º Ato em Memória das Vítimas do Massacre de Pau D'Arco, confira a programação:
Feira da agricultura familiar do Acampamento Jane Júlia - Santa Lúcia - 21/05/22 (Sábado)
Horário a partir das 08 da manhã
Local: Quadra Coberta da Feira de Pau D'Arco
Ato Religioso e Cultural Em Memória Às Vítimas Do Massacre De Pau D’arco - 22/05/22 (Domingo)
Local: Acampamento Jane Júlia - Santa Lúcia
Horário: a partir das 9 da manhã
Visita aos cemitérios de Pau D'Arco e Redenção - 24/05/22 (terça-feira)
Horário: 15 horas