COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Hoje se faz memória de dez anos do assassinato de três lideranças do Movimento de Libertação dos Sem Terra, ocorrido no dia 23 de março de 2012, na rodovia MGC-455, a dois quilômetros de Miraporanga, distrito de Uberlândia-MG.

Por Andressa Zumpano/CPT Nacional 

O massacre vitimou Valdir Dias Ferreira, 40 , Milton Santos Nunes, 52 e sua companheira Clestina Leonor Sales, 48 , membros da Coordenação Estadual do MLST no estado, que foram alvejados por pistoleiros dentro de um carro. Também estava presente uma criança de 5 anos, neta de Milton e Clestina, que sobreviveu ao ataque.

Os três eram acampados na Fazenda São José dos Cravos, no município do Prata, Triângulo Mineiro. A área foi reivindicada pela Usina Vale do Tijuco, que entrou com pedido de reintegração de posse apresentando apenas um contrato de arrendamento da terra. No dia 8 de março de 2012, ocorreu uma audiência referente à posse da área, com a presença das lideranças assassinadas e representantes do Instituto Nacional de Reforma Agrária (INCRA), não havendo acordo entre as partes. 

Em nota publicada pelo MLST, um dia após o massacre, o movimento denunciava que outras lideranças também estavam ameaçadas de morte na época. "Solicitamos imediatamente do Governo do Estado de Minas Gerais e da Polícia Federal, proteção às lideranças ameaçadas. Não podemos mais ficar chorando a perda de pessoas, a obrigação do Estado é garantir o direito à vida de sua população, independente da classe social, cor e raça",reforça o documento.

Motivação do crime 

Segundo apuração da Polícia Civil de Uberlândia, o crime ocorreu por vingança, onde o principal alvo era Clestina, que segundo os acusados, teria entregue para a polícia, a localização de um local de venda de drogas nas proximidades do acampamento. Esta tese não se confirma, segundo testemunhas do caso. 

Os seis envolvidos no massacre foram presos três meses depois. O executor do crime, conhecido como Gauchinho, teria recebido cerca de 7 mil reais pelo assassinato. Também participaram da execução o olheiro William Gonçalves e o motorista Rafael Henrique. José Alves de Sousa, conhecido como Zé Roleta, foi o mandante. 

Os acusados foram a júri popular em 23 de junho de 2015, quatro deles foram indiciados como culpados e outros dois envolvidos, considerados inocentes. O autor dos disparos, Rodrigo Cardoso, foi condenado a 45 anos de prisão. O mandante do crime, José Alves de Souza, foi condenado a 15 anos de prisão. O motorista do carro usado no crime, Rafael Henrique Afonso, e Willian Gonçalves da Silva, que atuava como olheiro e escoltou o veículo do crime, foram condenados a 39 anos, cada um.

Resistência  

O MLST e movimentos parceiros como Movimento Sem Terra e Comissão Pastoral da Terra-MG, realizaram diversas ações em repúdio ao assassinato das lideranças. Após o massacre, ocorreram ocupações de órgãos do judiciário, como Ministério Público de Minas Gerais, fechamento de rodovias e celebrações em memória das vítimas. 

As 80 famílias que ocupavam também passaram por um processo de reintegração de posse da Fazenda São José dos Cravos em parecer favorável à Usina Vale do Tijuco, apenas 5 dias após o massacre. No entanto, um ano após a retirada das famílias, cerca de 150 pessoas ligadas ao MLST reocuparam a fazenda. Atualmente, não existem mais famílias acampadas na área.

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