Em sinal de solidariedade e protesto, vigília ocorre na noite desta quarta-feira (31), na Praça Dom Orione, em Araguaína, no Tocantins, para fazer memória às vítimas do massacre na Fazenda Santa Lúcia, em Pau D’arco, no sudeste do Pará, ocasião em que 10 trabalhadores rurais foram cruelmente executados pelas polícias Militar e Civil paraenses há uma semana.
(Por Rafael Oliveira, CPT Araguaia -Tocantins | Imagem: Joka Madruga)
Instigado pelo Comitê Paraense de Combate à Violência no Campo, pessoas em diversas outras regiões do Brasil também se unem neste momento em vigília.
A violência no campo brasileiro cresce em escala assustadora. Apenas nos primeiros cinco meses deste ano, 39 camponeses, camponesas e militantes foram assassinados, segundo dados da Comissão Pastoral da Terra. O ano de 2016 encerrou-se com o total de 61 mortes na zona rural em todo o país.
A inoperância do Estado contribui diretamente para o acirramento dos conflitos no campo, especialmente após os diversos retrocessos sustentados pelo governo de Michel Temer. O sucateamento dos órgãos públicos responsáveis pela regularização fundiária e pela concretização da reforma agrária causa total insegurança às famílias camponesas de todo o país. A polícia, por sua vez, é claramente utilizada como instrumento de defesa do latifúndio, agindo de forma direta nos ataques ocorridos no Pará e, também recentemente, no Mato Grosso e no Maranhão.
Tocantins
Com três assassinatos no campo e 105 ocorrências de conflitos agrários, 2016 foi um dos anos mais violentos no Tocantins, indica a publicação Conflitos no Campo Brasil, da CPT. Em comparação a 2015, quando foram registradas 34 ocorrências, o número de conflitos cresceu 209% no estado.
Amazônia Legal em sangue
Das 61 mortes em todo o Brasil em 2016, 48 ocorreram na Amazônia Legal, composta pelo Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte dos estados do Maranhão e Mato Grosso.
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Vivemos uma situação de violência estrutural e recorrente. A impunidade das violações de direitos humanos ocorridas no campo garante a eficácia da repressão e aumenta a lista de pessoas e grupos ameaçados e assassinados.
Participam do ato agentes das CPT’s do Tocantins, Bahia, Mato Grosso, Rondônia, Pará, Maranhão, do Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascaran (CDVDH/CB) de Açailândia (MA), estudantes e professores da Universidade Federal do Tocantins (UFT) e representantes da Defensoria Pública de Araguaína e da sociedade civil em geral.