COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Um dos objetivos da série de publicações ‘’A luta das Mulheres do Campo’’, que acontece em março por meio dos canais digitais da Comissão Pastoral da Terra (CPT), é o de rememorar as lutas daquelas que tombaram na caminhada e se fizeram sementes de inspiração e libertação para os que ficaram. Para começar a fazer memória destas ‘’mulheres-sementes’’, hoje lembramos da história de Roseli Nunes, lutadora do campo que teve sua vida encerrada com apenas 33 anos.

 

Roseli Nunes nasceu em 1954 e teve uma vida de lutas por uma reforma agrária justa. Rose, como era conhecida, nos últimos dias de gravidez, participou da ocupação da fazenda Annoni. Era 1985 e foi a maior ocupação realizada no Rio Grande do Sul. Foi o início do Movimento dos Sem-Terra, MST, na região. Logo em seguida,  liderou uma caminhada de 300 quilômetros até Porto Alegre onde ocuparam a Assembleia Legislativa, permanecendo acampados por seis meses, até ser dada uma solução para as 3 mil famílias que estavam na fazenda Annoni. Rose foi mãe da primeira criança a nascer no acampamento Sepé Tiaraju. Em 31 de março de 1987, durante um protesto contra as altas taxas de juros e a indefinição do governo em relação à política agrária que se estendeu por vários municípios, um caminhão desgovernado investiu contra uma barreira humana formada na BR-386, em Sarandi, Rio Grande do Sul.

O caminhão feriu 14 agricultores e matou outros 3, Iari Grosseli de 23 anos, Vitalino Antonio Mori de 32 anos e Roseli Nunes com 33 anos e mãe de três filhos. Em dezembro de 1987, o filme “Terra para Rose”, de Tetê Moraes, ganha o 1º prêmio no Festival do Novo Cine Latino-Americano, em Havana, Cuba. Além disso, conquistou seis prêmios no 20º Festival de Cinema de Brasília. Em junho de 1988, a CPI da Violência, proposta e presidida pelo deputado estadual do PT Adão Pretto, concluiu que o motorista do caminhão que matou Rose, Valdir José da Silva, é culpado pelo acidente. Ainda em 1988, o filme “Terra para Rose” começa a ser colocado no formato 35 mm para entrar no circuito comercial. Em setembro de 1988 recebe nova premiação durante a 17ª Jornada Internacional de Cinema da Bahia. Dez anos depois, em abril de 1997, a diretora Tetê Moraes volta ao assentamento da Fazenda Annoni para ver como vivem as famílias que participaram da ocupação e que foram assentadas. O resultado dessa visita é o documentário “O sonho de Rose”, continuação do “Terra para Rose”. Em setembro de 1997, o documentário ganhou o prêmio “Margarida de Prata” da CNBB.

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Marcos Tiaraju, filho de Roseli, saiu do país em 2006 para cursar Medicina em Cuba, através do convênio que o MST tem com o país. Seis anos depois, retornou ao Brasil. Em outubro de 2012 revalidou o diploma estrangeiro para atuar em Nova Santa Rita (RS), dentro do Programa governamental Mais Médicos.

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