Acabamos de celebrar a Romaria do Sul da Bahia, este ano no Puxim, distrito rural de Canavieiras. O Puxim, o Sarampo e a Onça são o nascedouro do sindicalismo rural combativo na Bahia e a intensa luta levou às primeiras desapropriações e assentamentos, que hoje são na região mais de 17.
(Fonte: CPT Bahia)
No mesmo período, o povo Pataxó e Tupinambá intensificou as retomadas de terra que hoje se expressam em Territórios Indígenas consolidados, mas também num enfrentamento constante de setores sociais racistas que querem expulsar e criminalizar as lideranças indígenas.
Em 16 de março de 1984, cinco pistoleiros contratados por um fazendeiro da região assassinaram barbaramente uma família inteira: João Celestino da Costa foi atingido com profundos golpes de facão na cabeça e nas mãos, o mesmo aconteceu com seu filho, Adailton Celestino da Costa de 12 anos. Sua esposa Maria José Santos, grávida de três meses, correu e foi morta a cem metros de casa, apedrejada, cortada de facão e jogada em um buraco. O crime aconteceu em Santa Luzia, Bahia, e ficou conhecido como a Chacina da Serra da Onça. Este crime expressa a dramática situação da região 30 anos atrás marcada pelo avanço de madeireiras e grandes proprietários de terra contra as comunidades posseiras na região.
No domingo 4 de outubro de 2015 fomos recebidos pela Associação do Puxim numa festa de fazer memória com a presença de lutadores e lutadoras de ontem e de hoje. Homens e Mulheres que fizeram parte da resistência, da perseguição, mas também da vitória coletiva na posse da terra.
Com uma forte presença da juventude dos assentamentos da região, a Romaria retomou a história de luta, honrou os/as lutadores/as do passado e perguntou sobre a realidade de hoje, os desafios para os assentamentos, a necessidade da articulação das lutas na região e a necessidade de avançar num projeto popular de agricultura para o Brasil.
A Romaria contou com o apoio e a presença das Paróquias e padres de Canavieiras, Santa Luzia e São João do Paraíso. Também a Igreja Assembleia de Deus do Puxim que atuou ativamente apoiando na animação.
A Romaria foi organizada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Levante Popular da Juventude e teve o apoio de sindicalistas e lideranças sociais da região.