A 10ª Romaria da Terra e das Águas de Rondônia tem como tema “Terra: floresta e água, dádivas de Deus para viver e conviver”. A Romaria acontecerá no município de Machadinho d’Oeste no próximo domingo (23). Seguindo uma tradição de muitos anos, a Romaria é convocada pela Igreja Luterana (Sínodo da Amazônia da IECLB) e pelas três dioceses católicas de Rondônia: Porto Velho, Guajará-Mirim e Ji-Paraná.
(Fonte: CPT Rondônia)
A coletiva de imprensa para divulgação da Romaria foi realizada ontem (18), no Auditório da Cúria Arquidiocesana, em Porto Velho. Estiveram presentes e falaram sobre a importância deste evento Dom Antônio Possamai, bispo emérito de Ji-Paraná; pastor Randolf Timm, representante do Sínodo da Amazônia da Igreja Luterana (IECLB); Padre Jaime Guspert, coordenador de Pastoral da Arquidiocese de Porto Velho; Maria Petronila Neto, pela coordenação da Comissão Pastoral da Terra em Rondônia (CPT-RO); João Marcos Rodrigues, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB); e Laura Vicunha, coordenadora do Conselho Indigenista Missionário em Rondônia (Cimi).
Durante a coletiva, Dom Antônio, que é autor da Oração da 10ª Romaria, falou da tradição das Romarias da Terra em Rondônia, das quais participou desde o começo, sendo que o tema atual vem ao encontro das propostas do Papa Francisco, no começo de uma nova primavera eclesial.
O Pastor Randolf também falou do acompanhamento do povo luterano que migrou para Rondônia, a maioria agricultores, que continua migrando à procura de terras e vida digna, que acompanharam desde momentos críticos, como a morte do Padre Ezequiel em Cacoal, das mudanças acontecidas em Rondônia, e da participação dos luteranos nas Romarias da Terra.
Maria Petronila discorreu sobre o empenho da CPT em mobilizar as comunidades. "É possível sim combater a injustiça que atinge nosso povo e renovar a esperança", disse. "Que esta Romaria seja um momento de unir os gritos, os clamores do povo, sejam da Igreja, sejam da sociedade civil", ressaltou. Entre os motivos para a escolha de Machadinho d’Oeste para acolher a Romaria, estão a construção da Usina de Tabajara, a denúncia da Paróquia local sobre contaminações por agrotóxicos e o aumento dos conflitos agrários na região.
João Marcos, do MAB em Rondônia, agradeceu a preocupação da Igreja em favor dos atingidos pelas barragens e pela ajuda que no passado receberam para defender os atingidos de Samuel. Ele vê a Romaria como uma oportunidade para alertar o povo sobre a construção da Usina de Tabajara, que deve interligar o Rio Machado à Hidrovia do Madeira, incrementando a pressão dos plantadores de soja nas terras da região, acirrando ainda mais os conflitos na região sobre os pequenos agricultores.
Ao longo do evento, a coordenadora do Cimi, Laura Vicunha, ressaltou que duas Terras Indígenas (TI) podem ser atingidas pelo projeto da Usina de Tabajara: TI Igarapé Lourdes e as TI Tenharim, além de índios isolados, que não poderiam ser atingidos, pois não podem nem ser consultados, podendo até acontecer o seu desaparecimento, como aconteceu com a Usina de Santo Antônio. Além disso, há toda a pressão sobre os seringueiros dessa região.
Padre Jaime comentou que a apresentação da Romaria chegou em boa hora, seguindo os apelos do Papa para um maior diálogo entre cristãos e todas as pessoas de boa vontade acerca de nossa "casa comum", justamente num dia em que Porto Velho amanheceu tomado pela fumaça das queimadas que continuam acontecendo ao redor da cidade. O evento foi encerrado com a leitura do poema de Thiago de Mello, que foi tema do IV Congresso Nacional da CPT, "Faz escuro, mas eu canto".
Mais informações: (69) 3224-4800