Com o tema: "Reforma Agrária, Cooperação e Agroecologia" e o lema: "Cultivar Vida Saudável", a 37° Romaria da Terra do Rio Grande do Sul, reuniu no dia 04 de março, milhares de romeiros e romeiras no Assentamento do MST Hugo Chávez, em Lagoa do Junco em Tapes, região Sul do Estado.
(Celeiro da Memória)
A Romaria do Rio Grande do sul é sempre celebrada na terça-feira de carnaval, aniversário da morte de Sepé Tiaraju, índio rio-grandense, símbolo da resistência do povo Guarani durante o período em que vigorava a experiência dos Sete Povos das Missões - trabalho realizado pelas missões dos jesuítas a partir de 1534.
Antes do início da Romaria, aconteceu nos dias 02 e 03 de março o 9º Acampamento da Juventude Romeira, que reuniu 530 jovens do campo e da cidade tornando-se um marco histórico simbólico, pois nos encontros anteriores participavam apenas movimentos ligados ao campo. Na manhã do dia 04, foi realizada a 11°Abertura Oficial da Colheita do Arroz Agroecológico, onde os romeiros puderam prestigiar o início da safra de um dos principais produtos dos assentamentos da Reforma Agrária.
O Secretário de Desenvolvimento Agrário do Estado (SDR), Ivar Pavan, esteve presente no ato representando o Governo do Estado e salientou que uma das prioridades do mandato é o incentivo a produção de alimentos saudáveis. “Não apenas criamos uma secretaria, mas criamos políticas e colocamos no centro da agricultura familiar a produção de alimentos saudáveis e a valorização daqueles que produzem e se dedicam a produzir comida para alimentar a cidade”, disse disse Pavan.
Émerson Giacomelli, da coordenação estadual do MST e representante Grupo Gestor do Arroz Agroecológico fez a saudação aos romeiros explicando que a produção do arroz é fruto da luta das famílias assentadas. “Produzimos de uma forma que respeita o ser humano, tanto na forma de produzir quanto no que irá consumir, pois vivemos um momento onde o agronegócio polui a terra, a água e o ar. É nesse sentido que procuramos fazer a mudança e na produção deste ano deve chegar a 426,7 mil sacas (em torno de 21,3 mil toneladas) de arroz livre de agrotóxicos. A área plantada é de 4.398 hectares. A produção, totalmente natural, é desenvolvida por 501 famílias assentadas, distribuídas em 15 assentamentos de 12 municípios.
O coordenador salientou ainda que devem ser produzidas 26,7 mil sacas de sementes agroecológicas, em uma área de 249,7 hectares. Esta atividade envolve 22 famílias de oito assentamentos, em sete municípios. O assentamento Lagoa do Junco é um dos pioneiros na produção orgânica de arroz. Este ano, 11 famílias se dedicaram ao cultivo de 154 hectares.
O produto
O arroz agroecológico começou a ser cultivado em 1999 nos assentamentos de reforma agrária da região metropolitana de Porto Alegre. Em todas as etapas da cadeia produtiva – produção, agroindustrialização e comercialização – a qualidade recebe o certificado de produto orgânico, desde 2002, com base em normas nacionais e internacionais.
A produção segue os preceitos da agroecologia, em um sistema que busca estabelecer relação de integração entre o ser humano, recursos naturais e equilíbrio bioquímico do ecossistema banhado.
O processo é coordenado pela Cooperativa Central dos Assentamentos do RS (Coceargs) e pela Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre (Cootap).
A iniciativa também é acompanhada e apoiada pelo Incra/RS. O Instituto regula o plantio através de editais, lançados a cada safra, em que os produtores devem observar o perímetro de irrigação, os lotes de parcelamento e as determinações de licença ambiental.