COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Celebrada no município paranaense de Ortigueira, Romaria realizou ações solidárias de distribuição de alimentos

 

Por Heloisa Sousa | CPT Nacional

Fotos: CPT Paraná

 

 

Sob o lema “Na terra de Deus, Resistir, Organizar e Partilhar para a Fome Saciar”, romeiras e romeiros se reuniram na 34ª Romaria da Terra do Paraná, na Diocese de Ponta Grossa,  município de Ortigueira, no último domingo (20). Inspiradas na reflexão da Campanha Fraternidade Sem Fome, comunidades originárias, tradicionais e camponesas da região iniciaram a Romaria da Terra com um sagrado e diversificado café da manhã, em um momento de acolhimento e partilha de seus produtos e de sua fé. 

“Nesta Romaria, queríamos refletir sobre a vocação primeira do campo, que é a produção de alimentos por meio da terra para a superação da fome. Então decidimos fazer o contraponto ao modelo do agronegócio com a produção familiar camponesa, apresentando as várias iniciativas e organizações, de resistência a esse modelo predador, como modelo de vida, de produção de alimentos saudáveis”, explica Pe. Dirceu Fumagalli, agente da Comissão Pastoral da Terra regional Paraná. 

Com estimativa de 2 mil pessoas na celebração, estiveram presentes também 16 dioceses da região, além de lideranças das comunidades próximas ao município. “A Romaria foi muito boa, o tempo contribuiu bastante, tivemos muitas comunidades envolvidas nas atividades, além de uma rede de entidades”, comenta o agente voluntário da CPT, Juvenal Rocha. 

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Ao final, houve uma grande partilha dos frutos da terra durante o rito de comunhão. Toneladas de alimentos, trazidos pelos agricultores familiares e pelas cooperativas, foram distribuídos entre os romeiros. A CPT organizou, ainda, 100 sacolas camponesas, que foram entregues nas comunidades da periferia de Ortigueira, num gesto de solidariedade.

Segundo Pe. Dirceu, a escolha do município de Ortigueira para o recebimento da romaria foi estratégico, a região possui terreno fértil, mas apresenta ainda um forte cenário de pobreza devido ao domínio de pinus e eucalipto para produção de celulose. “Isso gera tanto a expulsão das comunidades do campo, como a miséria nas pequenas cidades, onde a gente encontra a realidade da fome muito presente”.

Desse modo, a 34ª Romaria da Terra do Paraná teve foco na memória, na produção agroecológica e na valorização da resistência das comunidades paranaenses frente ao violento modelo agroexportador ainda muito presente no Estado, que é o segundo maior produtor de grãos do país, impulsionado pelo plantio da soja. O encontro foi marcado pelo entusiasmo dos romeiros e romeiras, o que proporcionou que todos voltassem para seus lares abastecidos de sua espiritualidade na luta e resistência. 

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