A 27ª Romaria dos Mártires de Rondonópolis (MT) lembrou de lideranças que deram suas vidas em nome da justiça e da superação da violência. Foi uma forma de juntar num mesmo ato a tradição da caminhada e o tema da Campanha da Fraternidade.
(CEB's)
A romaria ocorreu no último domingo (18) e reuniu milhares de pessoas da diocese de Rondonópolis-Guiratinga, que congrega 12 municípios. Trata-se de uma atividade organizada pela Coordenação Diocesana das Pastorais em parceria com as paróquias.
Elza Francisca Serafim, de 64 anos, esteve presente na romaria e também participou de sua preparação. Ela coordena as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) da paróquia São José Operário, em Rondonópolis, que faz parte do Regional Oeste 2.
A paróquia possui 33 comunidades e é símbolo da “igreja pé-no-chão” na diocese. Houve trabalho de reflexão sobre a Campanha da Fraternidade nas escolas públicas da localidade e um chamado a participar da romaria.
“Isso garantiu centenas de pessoas da nossa paróquia na caminhada, e entre elas a presença de muitos jovens”, comentou.
As CEBs da paróquia São José Operário ajudaram a servir água aos romeiros e às romeiras, levaram cartazes, bandeiras e faixas.
“Lembrar dos mártires é uma forma de mostrar a importância de lutarmos por uma igreja fraterna, que se preocupa com as causas do povo”, disse ela.
Entre os nomes lembrados na romaria, Elza destacou os dos padres João Bosco Burnier, Ezequiel Ramim e Rodolfo Lunkenbein, que denominam bairros na paróquia São José Operário. Esses religiosos foram símbolos da defesa das causas da terra, dos pobres, das mulheres marginalizadas e dos indígenas.
Margarida Alves, Chico Mendes, Dorothy Stang, Dorcelina Folador, Simão Bororo e outros também foram lembrados.
Indígenas
O tema da romaria foi “Mártires – compromisso e vida doada”. O lema, “Cristãos leigos e leigas, sujeitos eclesiais numa Igreja em saída”, tem a ver com o que nos pede o papa Francisco.
Romeiras e romeiros saíram às 16h da praça da Saudade, no bairro Centro, com carro de som entoando palavras de reflexão e cantos. Também houve no trajeto um grito simbólico contra a violência que assola os municípios da diocese e de todo o país.
A caminhada prosseguiu até o espaço do Cais, na beira do rio Vermelho, onde ocorreu a celebração da eucaristia. Um dos momentos mais significativos foi a leitura da palavra por membros de povos indígenas.
O bispo da diocese, dom Juventino Kestering, de 71 anos, destacou o engajamento de todas e todos na transformação social.
“Em nome de Jesus Cristo somos convidados a construir nova ou renovada sociedade, livre de violência, de corrupção, de desmandos. Não são os outros que vão realizar esta tarefa. Somos nós, com nossa postura de vida, com nosso modo de ser, viver e administrar a vida, a família e a sociedade”.