Entre os dias 18 e 21 de outubro ocorreu a 1ª Romaria em Louvor a Nossa Senhora Aparecida em Defesa das Águas e do Território. A Romaria e as missões aconteceram no município de Riacho dos Machados, Norte de Minas Gerais, com o lema: “A água que eu dou se tornará sua fonte de água viva” – João 4,13-14. A Romaria foi construída por diversas entidades que atuam Região e juntamente com o grupo Igreja e Mineração.
(Texto | Imagens: Ana Paula Alencar – CPT-MG e Coletivo de Comunicação do Cerrado)
A Romaria animou o povo para a reflexão sobre o cuidado com a Casa Comum, o cuidado com a água, com o Cerrado e a Caatinga. Momento em que as Pastorais Sociais, religiosos e movimentos sociais se posicionaram a favor dos oprimidos, dos sem água e sem-terra e dos expropriados de seus territórios ancestrais. A missão foi realizada em comunidades que vêem sofrendo com a crise hídrica na região. Vimos a intensificação desta crise com a concentração das águas nas mãos das grandes empresas do agronegócio, da monocultura do eucalipto, e com a mineração, que devastam a natureza priorizando o lucro em detrimento da vida.
Enquanto a qualidade da pouca água disponível piora, a privatização deste bem comum avança. Um exemplo é a construção da barragem do Rio Rodeador, feita exclusivamente para abastecer o processo minerário de ouro da empresa Yamana Gold, fato denunciado pelas próprias famílias visitadas.
No dia 21, a presença de um grande número de romeiras e romeiros reafirmou a fé e a esperança na caminhada em defesa de uma vida em abundância para todos. As Caravanas, de diversos municípios da região, como Montes Claros, Grão Mogol, Salinas, Porteirinha, Bocaiuva e Josenópolis, partiram em caminhada pelas ruas da cidade carregando a padroeira da Romaria: Nossa Senhora Aparecida.
SAIBA MAIS: Romarias 2017
Carta do Encontro dos Povos e 1ª Romaria Nacional do Cerrado
Mensagem da 38ª Missão da Terra na Bahia
Na Romaria tivemos três momentos de reflexão: o cuidado com a Casa Comum, a luta em defesa dos Territórios e a água. A continuidade da Romaria foi em comunidades localizadas no alto da Serra Geral, região de Cerrado e de nascentes de água. Local este reivindicado pelas Comunidades Tradicionais que ali vivem para a criação de uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS). O processo de criação está em curso. Mas, infelizmente, também este local sagrado é alvo de cobiça da empresa de mineração Gransena que quer extrair granito desta localidade. Para alivio das comunidades vizinhas e de quem acredita que a água é direito de todos e essencial para a vida, esta exploração está embargada pelo IBAMA devido a irregularidades durante o processo exploratório.
O Território Paraíso, no momento da Missa, tornou-se um templo dos Povos Sertanejos. O cenário místico e abençoado, inspirou os celebrantes: Padre João Batista, Frei Pedro e a Ir. Mônica, os quais usaram palavras de animação e fé para que os romeiros e romeiras continuem na caminhada com o Deus da Vida e dos pobres, refletindo sobre a proposta do Papa Francisco que nos convida “a renovar o diálogo sobre como estamos construindo o futuro do planeta”.
A 1ª Romaria em Defesa da Águas e do Território foi finalizada com a fixação da imagem de Nossa Senhora Aparecida em uma apa - gruta de pedra - que preserva umas das poucas nascentes com água na região. Foi um momento que ficou gravado na mente e nos corações de todos e todas lutam pela defesa da Vida.