Foto: João Zinclar.Durante toda a quarta-feira (19/05) os participantes se concentraram na troca de conhecimentos em quatro tendas espalhadas no interior do Colégio São José, Marista, onde discutiram os biomas e as peculiaridades de cada região.  Em cada espaço foram apresentadas seis experiências, três em cada período, em seguida as informações foram aprofundadas nos debates.

Na tenda do bioma Amazônico, as atividades iniciaram com a mística, onde teve a leitura do primeiro capítulo do Livro de Gênesis e a celebração para abençoar as sementes. Em seguida, o agente da CPT Amapá, Sandro Gallazzi, fez uma reflexão crítica sobre a mensagem, “nós somos a imagem de Deus, mas desde cedo aprendemos que a natureza foi criada para nos servir. Mas, a vida foi feita para a própria vida, e dominar a terra, é a mesma coisa que construir abismos e ampliar as destruições”, afirmou.

A Amazônia tem uma área de quase 4 milhões e 200 mil quilômetros quadrados, ocupa nove estados brasileiros (Amazonas, Acre, Pará, Amapá, Roraima, Tocantins, Rondônia, Maranhão e Mato Grosso) e nove países da América Latina, sendo o Brasil com maior porcentagem. Cerca de 40% da floresta encontra-se intacta, porém a atuação do agronegócio colabora para o aumento do desmatamento e a pecuária contribui para o trabalho escravo, além de outras questões.

Outro fator que tem intensificado os conflitos agrários é a grilagem e a concentração de terras. A motivadora Sandra Valéria destacou que atualmente existem três grandes grileiros dominantes na região – Carlos Medeiros, Cecílio Rego Almeida e Falber Farias – que juntos detém 26 milhões de hectares. Além disso, quando é feita a compra das propriedades rurais, a comunidade local também é “vendida” e explorada.
Na programação teve, ainda, a leitura da Oração do Congresso, músicas como “Planeta Água” e “Xote Ecológico”, além do banho de cheiro para purificar ainda mais o ambiente, que contou com a presença de pessoas de várias partes do País e até estrangeiros colaboradores da CPT.

Experiências apresentadas durante a manhã

No primeiro momento das apresentações, foram expostas as experiências dos estados do Acre, Amapá e Amazonas, que estão investindo no modelo socioambiental de organização e no protagonismo dos povos da terra. As apresentações destacaram, também, o apoio da CPT nas ações.
Do Acre foram divulgados os avanços da Associação dos Pequenos Agrossilvicultores do Projeto Reca (Reflorestamento Econômico Consorciado e Adensado), fundado no dia 18 de fevereiro de 1989, com o objetivo de trabalhar com plantas regionais e investir na comercialização. Dentre os resultados pode-se ressaltar a organização das 300 famílias associadas que trabalham em 1.500 hectares, onde investiram na produção de polpa de frutas, extração de óleos e manteiga, produção do palmito.

Já o Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município de Afuá (PA), que existe há 25 anos e é filiado à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Fetag, investiu na formação e na busca dos direitos de 2.240 famílias de trabalhadores rurais, e, além disso, conseguiram implantar 16 escolas comunitárias e adquiriram embarcações para facilitar o deslocamento. Eles estão investindo na produção agro-extrativista, como a comercialização do açaí e do camarão, e no período da entressafra, tem o palmito.

Do estado do Amazonas foi feita uma retrospectiva sobre a criação da Reserva Extrativista do rio Ituxi e Médio Purus, no município de Lábrea. As mobilizações iniciaram em 1997, mas o Decreto da reserva só foi conquistado em 2008. Os ribeirinhos recebiam ameaças constantes e havia a prática da pesca predatória por pescadores profissionais. Além disso, as terras eram invadidas e saqueadas. Para fortalecer a luta, as 18 comunidades começaram a se organizar e a investir na resistência, e, segundo os trabalhadores, um dos apoios importantes foi a atuação da CPT, que desenvolveu um curso de agentes ambientais.

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