CPT promove série de vídeos para celebrar comunidade LGBTQIAPN+ do campo
A série, intitulada #DiversidadesDoCampo, conta com seis vídeos, publicados ao longo do Mês do Orgulho, e visa reafirmar que as lutas por terra e território também têm sangue e suor de pessoas LGBTQIA+ do campo
Por Everton Antunes (Comunicação CPT Nacional)

A fim de celebrar e promover conscientização pelo Mês e Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+ – esta última data, celebrada neste sábado (28) –, a CPT criou e produziu a série #DiversidadesDoCampo, impulsionada desde o início de junho nas redes sociais e canais da Pastoral. O principal objetivo da iniciativa é destacar que os povos e comunidades tradicionais do campo, das águas e das florestas também expressam uma ampla diversidade de gênero e sexualidade, à medida em que lutam pela subsistência e autonomia dos territórios e pelo direito à terra e à vida.
A série ainda conta com depoimentos em vídeo de agentes pastorais de base da CPT, membros de organizações parceiras, bem como de camponeses e camponesas acompanhados pela Pastoral. Ao todo, o projeto prevê o lançamento de seis vídeos – dos quais cinco estão disponíveis para o público. No dia 31 de junho, Yakecan Potiguara – fundadora do Coletivo Caboclas de Indígenas LGBTI+ do Ceará, ativista, atriz, comunicadora e cineasta – encerra o projeto com um relato sobre as vivências enquanto mulher indígena e pessoa LGBTQIAPN+ no contexto das lutas no campo, pelo território e pelo Bem Viver.
“Que possamos seguir juntos, com coragem, com esse mesmo amor, essa mesma resistência, porque a luta pela terra também é uma luta pela vida. E pela vida de ser quem somos!” – Elaine Ferreira, coordenadora da regional Rio de Janeiro/Espírito Santo da CPT
Frentes de Mobilização
Oficialmente criado em 22 de setembro de 2021, o Grupo de Trabalho (GT) de Diversidades é uma das frentes de estratégia e discussão sobre sexualidade, raça e gênero desenvolvidos no espaço da CPT. Entre os objetivos do coletivo estão o acolhimento das diversidades que compõem o corpo de agentes da Pastoral, o aprofundamento das questões de gênero, orientação sexual e raça, além do desenvolvimento de ferramentas para o registro de violências contra as diversidades no campo.
Desde a criação do Grupo de Trabalho, aconteceram debates virtuais para a sistematização do registro de violências no campo com recortes de gênero e sexualidade – juntamente com documentalistas do Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno (CEDOC-CPT) – e, entre os dias 27 e 29 de setembro de 2022, houve o I Encontro Nacional de Diversidades da CPT. O evento foi acolhido no município de Hidrolândia, estado de Goiás.
“A CPT possibilitou que fosse criado o GT de Diversidades, para discutir e construir ações que ajudam na superação de desafios pela população LGBTQIAPN+ – no âmbito da pastoral e nas áreas de sua atuação”, afirma Mauro Jakes, coordenador da regional baiana e integrante do GT de Diversidades da Pastoral.
Orgulho LGBTQIAPN+ e camponês
“A exclusão social e a negação do pertencimento aos territórios atravessam as existências LGBTI+ como cicatrizes abertas nas comunidades que resistem ao avanço do agro-hidro-minero-negócio — um projeto branco, normativo, que impõe monoculturas, seca rios, silencia vozes e lucra com a destruição”, analisa Mayra Souza, do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), entidade parceira da CPT.
No entanto, ainda na visão de Mayra, “as existências LGBTI+ não se curvam. Elas brotam no contrafluxo. São sementes de desvio fértil, floresta viva, insubmissas à lógica do lucro. Carregam em si a força da agroecologia, o pulso da diversidade, a autonomia como prática e o respeito profundo ao tempo da terra. Ao contrário do capital, que impõe cercas, as corpas LGBTI+ desenham horizontes livres”, reflete a militante do MAM.
A fala de Mayra conflui com as reflexões propostas para o V Congresso Nacional da CPT, que como lema propõe “Romper cercas e tecer teias”. Aproveitando o mês do Orgulho, é preciso reafirmar que este rompimento e tecimento tem sangue e suor de pessoas LGBTQIA+ do campo, que desde seus corpos-territórios traçam lutas para garantir seu direito de existir, que é atravessada, também, pelo direito à terra, água, trabalho e soberania alimentar.
Confira os vídeos da série #DiversidadesDoCampo abaixo:
Vídeo 01 – Elaine Ferreira, CPT Rio de Janeiro/Espírito Santo e GT de Diversidades
Vídeo 02 – Jaqueline Vaz, Agro É Fogo e agente CPT-MA
Vídeo 03 – Helio Henrique, agente CPT-GO
Vídeo 04 – Mauro Jakes, coordenação CPT-BA
Vídeo 05 – Mayra Souza, Movimento pela Soberania Popular na Mineração
https://vm.tiktok.com/ZMSQ9TP8G
Vídeo 06 – Yakecan Potiguara, Coletivo Caboclas de Indígenas LGBTI+ do Ceará (previsto para o dia 30/06/2025)