CPT Nordeste 2 realiza Pré-Congresso rumo aos 50 anos da Pastoral

Texto e imagens: Comunicação CPT Nordeste 2

50 anos da Pastoral

A Comissão Pastoral da Terra Nordeste 2, que abrange os estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, realizou, entre os dias 16 e 18 de junho, seu Encontro Regional como preparação para o V Congresso Nacional da CPT, que celebrará os 50 anos da Pastoral. A atividade aconteceu em Caruaru, no agreste pernambucano, e teve como tema: “CPT: 50 anos de memória agradecida, de resistência nas lutas e de profecia camponesa”.

Inspirado na mensagem bíblica “Enquanto perdurar a terra, jamais faltarão a semeadura e a colheita, o frio e o calor, o verão e o inverno, o dia e a noite” (Gênesis 8:22), o encontro reuniu cerca de 100 pessoas, entre agentes pastorais, camponeses e camponesas acompanhados pela CPT nos quatro estados nordestinos. O objetivo do Pré-Congresso foi ser um espaço de aprofundamento dos debates que afetam a vida dos povos do campo, de fortalecimento da mística pastoral, além de servir como momento preparatório para o V Congresso Nacional, que ocorrerá em julho, em São Luís do Maranhão.

Durante os três dias de atividades, entre cantos, partilhas, rodas de conversa, plenárias e momentos de espiritualidade, os/as participantes refletiram sobre a trajetória de cinco décadas da CPT, os desafios do presente, as transformações no mundo e seus impactos sobre os povos da terra, das águas, das florestas e sobre a Casa Comum. No centro das discussões, os/as camponeses/as colocaram o reconhecimento da classe camponesa e a importância de reafirmá-la como fio condutor capaz de unificar as diferentes expressões e categorias camponesas em torno de um projeto comum: a construção do Reino de Deus aqui e agora.

Para contribuir com as reflexões, estiveram presentes o Padre Hermínio Canova, da CPT NE2, que conduziu as discussões sobre a memória dos 50 anos da Pastoral; o Padre Jean, de João Pessoa (PB), que abordou a conjuntura atual e os desafios enfrentados pelos povos do campo; o teólogo Glaudemir da Silva, da Paraíba, e Frei Roberto, de Pernambuco, que conduziram reflexões sobre espiritualidade e mística.

O primeiro dia do encontro foi dedicado à memória: desde o nascimento da CPT, marcado pela resistência à violência da Ditadura Militar, passando por múltiplos massacres, expulsões, histórias de luta e resistência ao longo das décadas, até os dias atuais, em que os conflitos agrários se intensificam e ganham contornos cada vez mais complexos, atingindo incontáveis comunidades, territórios e o meio ambiente Brasil adentro.

No segundo dia, os participantes se dividiram em “tendas temáticas” para debater questões como: a luta pela terra e pelos territórios; os conflitos agrários; a produção agroecológica e o cuidado com a Casa Comum; a juventude camponesa; e as mulheres do campo. Também foi momento de refletir sobre os desafios específicos enfrentados pelas comunidades acompanhadas pela CPT e pela própria Pastoral, para quem a construção do Reino de Deus aqui e agora foi reafirmada com ainda mais ânimo e vigor.

O agricultor Adriano Andrade, da comunidade Fervedouro, em Jaqueira (PE), avaliou que os debates revelaram os diferentes contextos enfrentados pelas comunidades do campo, mas que não perderam de vista a unidade da luta camponesa. “O encontro foi muito importante, porque revi meus companheiros e companheiras de outros locais e porque conhecemos diferentes realidades, mas percebemos que mesmo com contextos diversos, a luta é uma só. Além disso, refletimos sobre a memória e sobre o que cada comunidade está fazendo para resistir e sobre a importância da CPT na nossa caminhada”, afirmou.

O terceiro e último dia foi dedicado a uma profunda reflexão sobre a espiritualidade e a “Mística da Resistência”, como destacou o teólogo Glaudemir da Silva. Além disso, foi um momento também dedicado à sistematização das reflexões e à reafirmação dos compromissos.  Para Maria Rita Borges, agricultora do Assentamento Terra de Esperança, no município de Governador Dix-Sept Rosado (RN), esse momento foi fundamental para animar a continuidade das lutas comunitárias.

“Apesar de a CPT sempre nos dar força para manter a esperança, o que mais me chamou a atenção no Pré-Congresso foi ouvir, no momento da reflexão sobre a espiritualidade, que não podemos desistir. Precisamos ter fé e seguir na luta. Voltei para casa com a bagagem cheia e muito orgulhosa, com a certeza de que a palavra é não desistir, porque dias melhores virão.” A agricultora Sâmara Rejane também concordou, e acrescentou “outra palavra que ficou na minha mente foi a teimosia, que é quando a gente quer uma coisa e vai à luta  e consegue. O encontro foi repleto de muita sabedoria e foi mágico”, enfatizou Glaudemir. 

Para Lucas Silva, do Assentamento Campos Novos, em Sossego (PB), o Pré-Congresso “foi um momento muito rico de partilha de conhecimentos, que nos fez refletir sobre nossa identidade camponesa e sobre a luta pela permanência no campo.” Já para Leia Galindo, da comunidade Boa Esperança, em Alagoa Nova (PB), o encontro foi um impulso para seguir na luta com mais coragem e organização. “Achei muito importante. Teve partilha, escuta e força para seguir em frente com fé, coragem e organização. Saí de lá com a esperança renovada e com mais vontade de continuar na luta por um campo vivo”, destacou.

Geovani Leão, integrante da coordenação da CPT Nordeste 2, avalia que viver o Pré-Congresso foi celebrar a missão da CPT. “Foi um momento em que jovens, mulheres, homens, agentes de pastoral e agricultores(as) puderam recordar a presença e a profecia da CPT junto às comunidades do campo, especialmente aquelas envolvidas em conflitos agrários. Foi um espaço para refletir sobre a Mística da Resistência e também um espaço de formação, marcado por muitas partilhas de experiências e trocas de alimentos, uma oportunidade para refletir sobre a realidade que enfrentamos regionalmente e no Brasil. Foi um momento de voltar às fontes primeiras da CPT para que possamos seguir adiante sem perder de vista nossa missão,” afirmou.

O encontro chegou ao fim no dia 18 de junho, mas suas reflexões continuam ecoando como um chamado rumo ao V Congresso Nacional da Pastoral, que será realizado entre os dias 21 e 25 de julho, em São Luís do Maranhão, e marcará os 50 anos de história da CPT.

Confira o documentário “Faz escuro, mas eu canto”, produzido no IV Congresso da CPT:

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