COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Por Carlos Henrique Silva (Comunicação CPT Nacional)

Imagens: Júlia Barbosa e Heloísa Sousa

 

"Jubileu da terra é repartir o chão / É pôr os pés na terra, é pôr as mãos no chão
É resgatar a terra, que é de cada irmão / Porque a terra é do Senhor"

Presença, Resistência e Profecia: com este tema da celebração do jubileu dos 50 anos que se aproximam, a Comissão Pastoral da Terra realizou a sua XXXVII Assembleia Geral Ordinária, entre os dias 19 a 21 de abril no Centro de Formação Vicente Cañas, em Luziânia (GO).

O momento reuniu agentes de pastoral de todo o país, bem como representantes de comunidades camponesas e agentes históricos da CPT. Desde a acolhida, o momento foi marcado por alegria, celebração e mística sobre o caráter social e a pastoralidade. Em seguida, uma análise de conjuntura contou com a assessoria de Leila Santana (Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA) e Gerson Teixeira (assessor do Núcleo Agrário do Partido dos Trabalhadores), seguida de debate sobre os desafios de uma realidade de mudança de governo no país, mas também de avanço do agronegócio e seus projetos de extermínio dos povos do campo, das águas e florestas, em nível global.

"A realidade é que a maior parte das verbas destinadas para a agricultura no país é para o agronegócio. No ano passado, em Goiás, o recurso não chegou a 14% para a agricultura familiar. A questão do envelhecimento no campo e o abandono da juventude, ao nosso ver, tem a ver com essa dificuldade de acesso ao crédito." (Saulo Reis - CPT Goiás)

Outros desafios apontados foram a necessidade de aproximação com as dioceses, outras pastorais de juventude, como a PJ, PJR e PJMP, e o diálogo com as igrejas pentecostais, diante do distanciamento dos jovens do campo e o envelhecimento da população rural. Outras regiões também apontaram vários desafios, como o avanço do tráfico de drogas e das milícias nos territórios, o  afastamento da pauta da luta pela reforma agrária por parte dos movimentos sociais, e a pouca resistência das comunidades diante do avanço do agronegócio e dos programas de reforma agrária governamentais que estão ainda muito limitados.

"Na nossa comunidade, incentivamos muito o cultivo do arroz, do feijão, da mandioca, mas a agricultura familiar está perdendo espaço para a soja. Moramos na margem da rodovia Santarém/Curuá-Una (PA-370), e na quinta-feira passada tivemos que fechar as casas porque estavam borrifando o veneno na soja e no milho. Eles já desmataram tudo, e sofremos com a saúde, porque ressecou a garganta, os lábios, deu tontura. Esse avanço é um perigo para a vida, a agricultura familiar está sendo pisoteada, massacrada. Já tivemos visita de empresas de crédito de carbono, e na nossa comunidade nós resistimos e negamos, mas em comunidades vizinhas os agricultores já pararam de plantar por causa desses créditos. Eu peço para que o presidente e os parlamentares que atuam e dizem nos defender, que olhassem mais para a Amazônia." (agricultora do Pará)

O segundo dia contou com uma Romaria que passou por todas as grandes regiões de atuação da CPT pelo país, além das campanhas, articulações e a Secretaria Nacional. Cada grupo apresentou um painel com os desafios, demandas e experiências de resistência vivenciadas nos três últimos anos.

"Estou caminhando com a CPT há cerca de 3 anos, e foi muito emocionante ver a caminhada e as lutas nas comunidades. Queria muito que a minha comunidade estivesse aqui presente e representada também. A Romaria representou a nossa casa comum: a juventude, as mulheres." (agricultora do Mato Grosso)

O último dia da Assembleia foi marcado pela definição das linhas de ação para os próximos três anos: a luta por terra e território, o fortalecimento da pastoralidade e da sustentabilidade, a atuação junto com grupos de mulheres e jovens na perspectiva do protagonismo, geração de renda e fortalecimento da identidade camponesa, além dos processos de formação.

"Esta Assembleia serviu para aquecer o nosso coração e nos animar para o início do ano jubilar de 50 anos de atuação, vivenciando a memória subversiva do Evangelho de Cristo junto ao povo da terra, das águas e das florestas." (Chiquinho, da CPT Ceará)

Em seguida, a Comissão Eleitoral conduziu o processo de eleição da Diretoria, Coordenação Executiva e Conselho Fiscal, ficando assim eleitos, eleitas e empossadas:

✅ Diretoria:
- Presidente - Dom José Ionilton Lisboa (AM)
- Vice-presidente - Dom Sílvio Guterres (RS)
- Secretária - Jeane Bellini (GO)

Coordenação Nacional:
- Cícera (Cecília) Gomes (NE2 / PB)
- José Carlos de Lima (NE2 / AL)
- Ronilson Costa (MA)
- Valéria Santos (TO)

- Maria Petronila (RO) - suplente;
- Valdevino Santiago (MS) - suplente

Conselho Fiscal (titulares):
- Xavier Plassat (TO)
- Albetânia de Souza Santos (BA)
- Luiz Antônio Pasinato (RS)

Conselho Fiscal (suplentes):
- Waldeci Campos (MG)
- Célio Lima (AC)
- Geuza (PA)

O momento também contou com apresentação do balanço financeiro e elaboração de uma Carta conjunta a ser apresentada em breve.

“É missão de todos nós, Deus nos chama e quer ouvir a nossa voz!”

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