COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Na última terça-feira (16), por volta das 08h00, cinco homens armados com revólveres e espingardas calibre 12 atacaram o Acampamento Primeiro de Maio, localizado numa área rural da FEPASA (Ferrovia Paulista S.A.), no município de Euclides da Cunha Paulista (SP).

 

(CDH - ELS)

Os homens chegaram de carro, cercaram o acampamento e iniciaram os disparos contra os barracos. No momento só havia uma pessoa cuidando do local, quando viu a movimentação procurou se proteger e pediu “clemência por sua vida”. Um dos homens se aproximou e disse que daria até o dia seguinte para todos deixarem o local, caso contrário retornariam. Em seguida atiraram no cachorro de uma das acampadas e atearam fogo em todos os barracos, queimando roupas, fogões, móveis e demais pertences das famílias.

A Polícia Militar foi acionada e um Boletim de Ocorrência foi feito junto à delegacia de Polícia Civil de Euclides da Cunha, já há suspeitos de envolvimento no caso e nesse momento segue a investigação.

Os moradores da cidade de Euclides da Cunha e dos municípios próximos estão chocados com a truculência e violência contra as famílias acampadas. O acampamento está em fase de construção e é formado em grande parte por ex-funcionários, demitidos da Destilaria Alcídia (hoje pertencente ao Grupo Odebrecht Agroindustrial), que foi fechada recentemente. Em Assembleia as famílias decidiram que vão seguir vigilantes diante do ocorrido,  e não se intimidarão frente as ameaças e muito menos desistir da luta pela terra. O acampamento continua recebendo novas famílias a cada dia e os culpados devem ser punidos pelos crimes cometidos.

 

Histórico

As famílias do acampamento “Primeiro de Maio” se mudaram para o local (área abandonada da FEPASA após cumprimento de uma ordem de reintegração de posse de outra área próxima ao local no município de Teodoro Sampaio;

A área ocupada pertencente a FEPASA está abandona há vários anos, sendo invadida constantemente por fazendeiros para criação de gado ou mesmo para o plantio de cana-de-açúcar. Nas proximidades do acampamento há uma grande fazenda que investe no arrendamento de terras para produção de cana e na criação e comercialização de gado de corte, segundo os moradores e acampados alguns bois da fazenda chegam a valer até 1 milhão de reais, quando há relatos de que a mesma atrasa ou mesmo não paga os salários e maltrata os funcionários. Diante disso entendemos que essa agressão demonstra o desespero dos fazendeiros grileiros e reforça a disposição do latifúndio em usar de todos os meios necessários, inclusive da violência, para intimidar as famílias sem terra e manter usurpação das terras devolutas no Pontal do Paranapanema.

Conforme decisão recente anunciado na imprensa, a área em questão está localizada dentro do 15º Perímetro do Pontal do Paranapanema, que soma cerca de 92 mil hectares de terras julgados devolutas pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ) em 2010.

Essa agressão, atentado ou mesmo tentativa de homicídio mostra a disposição do latifúndio em impedir o cumprimento da lei e da constituição, recorrendo sempre à violência contra os trabalhadores, contra os princípios democráticos e a justiça social.

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