No dia em que a promulgação da Constituição Federal completa 26 anos, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados realiza, às 15h, uma Audiência Pública sobre a ação de milícias armadas a serviço de proprietários rurais contra camponeses, quilombolas, pescadores artesanais e indígenas, dentre outros povos e comunidades tradicionais, no contexto dos conflitos fundiários.
(Fonte: Articulação dos Povos e Comunidades Tradicionais)
O evento contará com a participação de lideranças dos segmentos vitimizados e criminalizados pela violência no campo. Estão convidados, como expositores, membros dos movimentos de pescadores, quilombolas, indígenas e de outras comunidades tradicionais, além de representantes da Comissão Pastoral da Terra (CPT), do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares (Renap) e do Ministério Público Federal.
Segundo Fátima Barros, membro da Articulação Nacional Quilombola (ANQ), a atual conjuntura de radical avanço do agronegócio sobre os territórios tradicionalmente ocupados pelos povos e pelas comunidades exige que estes se unam para que possam resistir e garantir suas sobrevivências. “Temos inimigos comuns. Quem ataca quilombolas, ataca indígenas, ataca gerazeiros, ataca pescadores e ataca todos que estiverem sobre a terra que eles querem explorar. E os ataques têm sido cada vez mais sistemáticos, cada vez mais violentos”, lamenta ela.
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De acordo com dados da violência no campo sistematizados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), nos últimos 10 anos, povos indígenas e comunidades tradicionais enfrentaram 5.771 conflitos; 4.568 pessoas foram vítimas de violência; 1.064 sofreram ameaças de morte; 178 sofreram tentativas de assassinato e 98 foram assassinadas.
No âmbito do Legislativo, dentre as várias ameaças aos povos e comunidades tradicionais, uma das mais perigosas é a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que transfere do Executivo para o Legislativo a prerrogativa de demarcar terras tradicionais indígenas, titular terras quilombolas e criar unidades de conservação ambiental. Esta PEC, que explicitamente atende aos interesses da bancada ruralista e de seus financiadores, pode ser votada ainda nesta semana.
Serviço:
O quê: Audiência Pública na Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM), da Câmara dos Deputados, sobre violência no campo
Quando: Hoje (5/10), às 15h
Onde: Plenário 1, Câmara dos Deputados
Mais informações, com assessoria de comunicação da Articulação dos Povos e Comunidades Tradicionais:
Cristiane Passos: 62 8111-2890
Patrícia Bonilha: 61 9979-7059
Mele Dornelas: 81 999079717