COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

No dia 14 deste mês, as famílias da Vila Racha Placa, no sudeste do Pará resolveram ocupar a estrada que dá acesso ao projeto S11D, da Vale, fazendo parar de trabalhar em torno de 600 trabalhadores de empresas contratadas da Vale, para serviços de infraestrutura necessários à implantação do projeto

 

A vila Racha Placa, também conhecida como Mozartinópolis, no município de Canaã dos Carajás, sudeste do Pará, foi criada no inicio da década de 1980 por posseiros que chegaram para aquela região em busca de terras. A vila fica próxima do limite da Floresta Nacional de Carajás, área pública que parece pertencer à Vale pelo domínio que a empresa exerce sobre a mesma.

Durante estes anos por luta dos moradores da vila foram sendo implantadas infra-estruturas que chegou ao estágio de contarem com uma escola onde funiconava o ensino fundamental e o médio(em forma modular), um posto de saúde, um posto da ADEPARÁ, energia elétrica, e água encanada para todas as 120 residências, proveniente da serra Sul, por declividade.

Desde o ano de 2008, quando a Vale iniciou seus estudos para implantação do Projeto Ferro Carajás S11D, que as famílias da vila vem sendo ameaçadas pela empresa. A Vale enviou para a vila uma empresa contratada, a DIAGONAL Urbana, para fazer o cadastro das famílias para fins de desapropriação, porque por ali passaria o ramal ferroviário saindo de Parauapebas.

As famílias foram informadas de que a partir do momento em que fosse feito o cadastro as mesmas não poderiam mais efetuar qualquer serviço de ampliação e melhoria de suas propriedades, pois em pouco tempo a Vale iria indenizar a todos porque iria precisar da área.

Foram dois anos de muitas visitas da Vale e da DIAGONAL na vila, efetuando e atualizando cadastros mas nenhuma negociação, apenas ameaças e desestruturação das pessoas, que passaram a viver sob o medo e incertezas.

A partir do ano de 2010 a empresa começou a comprar propriedades de fazendeiros no entorno da vila, com a seguinte condição: aqueles que tivessem casa na vila tinha que ser incluída na negociação e logo que esta fosse concluída a CSA deveria ser desocupada e destruída. Foi o suficiente para desestruturação da vila.

Muitas famílias que viviam de trabalhar nas áreas dos fazendeiros ficaram sem trabalho e sem renda, com isto o comércio local também foi desmontado, assim como as linhas de ônibus para a cidade de Canaã e Xinguara. Diante desta situação, com apoio do STTR de Canaã, da CPT e do CEPASP, as famílias começaram a reunir para discutir cobarda empresa uma saída para a situação.

No final do ano de 2010, foi possível reuniões com a Vale, até ser fechado um acordo para negociação das diversas situações, com agenda para ser concluído cada caso. Acontece que no ano de 2011 quase nada avançou, a não ser o problemas das famílias. A Vale, através de negociações individuais, abandonando o acordo inicial, consegui tirar mais famílias da vila.

A vila ficou sem serviço de saúde, sem o posto da ADEPARÁ, sem o ensino médio, sem as casas comerciais, por terem entrado em falência, com a precária linha de ônibus, e com muita gente passando fome e sem alternativa.

Diante da situação, no dia 14 deste mês, as famílias resolveram ocupar a estrada que dá acesso ao projeto S11D, fazendo parar de trabalhar em torno de 600 trabalhadores de empresas contratadas da Vale, para sérvios de infra-estruturas necessárias à implantação do projeto.

Durante estes dias receberam visitas da polícia e de representantes da Vale, mas nada avançou nas negociações, aguardam por uma audiência que está marcada para dia 18 às 10 horas, na cidade de Canaã, com a participação do superintendente do INCRA, da Vale e dos moradores da vila. Enquanto isto a luta continua com a estrada interrompida para o tráfego de trabalhadores das empresas.

Marabá, 17 de junho de 2011.

Moradores da Vila Racha Placa, CPT de Marabá, STTR de Canaã, CEPASP, FEAB e Movimento Debate e Ação.

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