Para Milton Yulan, o Equador deve fazer urgentemente uma reforma agrária completa.
Milton Yulan, da organização Terra e Vida do Equador : a longa luta pela terra.
Depois de um ano, desde a aprovação do mecanismo de distribuição de terras no Equador, os sem terra não tem recebido nenhum “metro quadrado” de terra, é urgente uma decisão politica firme do governo de Rafael Correa, disse Milton Yulán, no Fórum Social de Migrações, que ocorreu em paralelo ao V Congresso da CLOC-Via Campesina, entre os dias 8 e 12 de outubro.
O processo de contra-reforma agrária nos países latinoamericanos tem sido evidente, visto globalmente, segundo Milton, que trabalha na zona costeira do Equador, acompanhando o pedido do povo pelas terras.
Atualmente, no Equador, 60% da cesta de alimentos consumidos pelas famílias, vem da agricultura campesina e da agricultura familiar, disse Yulán. Afirmou, ainda, que no que se refere a terras, à legislação e regulamentação da nova Constituição:"Esta lei da terra pode ser um interessante processo que envolva todas as partes interessadas, não só do campo, porque diz respeito a toda a sociedade, mas também para as organizações que vão desde a CLOC e da Via Campesina”, completou Yulan.
Sua intervenção teve lugar no painel que a Via Campesina realizou no Fórum Social Mundial das Migrações, na Universidade Salesiana de Quito, no último domingo, 10 de outubro.
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Yulan disse que a lei que define restrições à terras gerou uma furiosa reação dos proprietários rurais, que poderia ter influenciado a decisão oficial a esse respeito.
Ele também denunciou a demora em um ano, para a aplicação do direito de distribuição de terras, que chegaria a dois milhões e meio de hectares. "O governo deve tomar uma decisão política, especialmente após os fatos de notoriedade pública", disse Milton Yulan referindo-se ao motim policial e à tentativa de golpe no último 30 de setembro.
"Estamos prontos para ajudar como uma organização camponesa, a um decreto que habilite e, finalmente, permita o acesso à terra", acrescentou. Também relatou que, muitas vezes, apesar das decisões tomadas pelo governo central do Equador, não chegam a aplicação integral, já que os "gerentes de nível médio pertencem ao antigo regime" e respondem, por isso, aos interesses dos banqueiros e proprietários.
As terras do Estado foram confiscadas após a crise bancária e financeira que o país enfrentou em 1999-2000 e alcançou, de acordo com Yulan, a 170 mil hectares. "Se o governo não consegue distribuir as terras sob o seu comando, como esperamos entregar mais dois milhões e meio de hectares cobertos pela lei?", indagou.