Na quinta-feira, 18 de maio, lideranças locais e membros da sociedade civil realizaram uma caminhada contra a prática do garimpo em Tapauá (AM). O ato público ocorreu em devido à presença de uma embarcação de garimpo no Rio Tapauá.
As pessoas andaram pelas ruas da cidade ecoando palavras de ordens, tendo à frente uma faixa com a frase "Não queremos garimpo em Tapauá. Nem ilegal / nem legal".
De acordo com Frei Antônio Fernández, que acompanha a Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Lábrea, "o povo se revoltou com a presença da balsa, consciente dos males que o garimpo causa à saúde e ao meio ambiente, principalmente depois de assistir a tragédia Yanomami".
A balsa "Dubai" foi vista no dia 28 de abril e estaria na região para extração de ouro numa área de unidade de conservação: a floresta estadual de Tapauá.
No dia 10 de maio, a secretaria municipal do meio ambiente e turismo (SEMMATUR) efetuou a diligência denominada "Operação Dubai" em alusão ao nome da embarcação. Com apoio das polícias militar e civil e da Câmara Municipal, foram realizadas autuações e embargos. Em seu relatório, a SEMMATUR deixa claro que não houve por parte da secretaria ou qualquer outro órgão municipal a autorização para a atividade de garimpo.
A balsa foi retirada do local, mas seguiu no rio para outra área de conservação em PDS Piagaçú-Purus, entre as comunidades de Beabá e Redenção, e perto da boca do Igarapé Itaboca, onde está a Terra Indígena Itixi-Mitari.
Há um impasse, no momento, porque não há uma posição das autoridades sobre a situação. De acordo com as organizações sociais que convocaram o movimento #JuntosPorTapauá, a partir da manifestação, espera-se que as autoridades tomem uma nova iniciativa.
O objetivo do ato foi deixar claro que os tapauaenses são contra qualquer tipo de atividade ligada ao garimpo, sejam elas legalizadas ao não. Nos discursos, as pessoas enfatizaram que o garimpo resulta em diversos impactos ambientais, sociais e econômicos e não traz benefícios para a população empobrecida do município.
O ato foi encerrado na Praça Daniel Albuquerque, no Centro da cidade. Lá, os participantes reafirmaram que a população é contrária a presença dos garimpeiros.
O movimento #JuntosPorTapauá conta com apoio de Pastorais Sociais da Igreja Católica, da Federação de Organizações e Comunidades Indígenas do Médio Purus (Focimp), da Associação dos Povos Indígenas do Amazonas (Apiam), da Associação dos Moradores da Floresta Estadual de Tapauá (AMFET) e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
Foto: Robson Costa