Apenas neste ano, o território do Gleba Bacajá em Anapu registrou mais de três ataques armados e ameaças de morte à liderança local. O Incra oficializou, nesta sexta 1, a portaria que cria o Projeto de Assentamento Irmã Dorothy Stang.
Texto: Camila da Silva / Carta Capital
Foto: Juliana Pesqueira / Coletivo Proteja Amazônia
Dezessete anos depois de despontar como o local onde foi assassinada a freira americana Dorothy Stang, o município paraense de Anapu viveu um novo ataque no início de 2022. Em 11 de maio, cerca de 10 invasores fortemente armados e encapuzados invadiram uma área conhecida como Gleba Bacajá. O grupo expulsou as quase 54 famílias que ali viviam e, e em seguida, queimou as casas. Não houve registro de mortes ou feridos.
Agora, Dorothy Stang dá nome um projeto que deve oferecer alento a estas famílias. O Incra oficializou, nesta sexta 1, a portaria que cria o Projeto de Assentamento Irmã Dorothy Stang.
O documento também determina a formação de 73 unidades agrícolas familiares, além de política pública de incentivo à produção e geração de renda.
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A proposta responde um pedido da Justiça Federal e do Ministério Público Federal (MPF). Com a apuração do MPF sobre o ocorrido, a Justiça Federal deu o prazo de 60 dias para o Incra realizar a criação do assentamento para os lotes 96 e 97.
Depois de um mês desse ataque ainda foram registrados mais dois conflitos. No último, que aconteceu no dia 22 de junho, a principal liderança da comunidade, Erasmo Alves Teófilo, fez um vídeo alertando sobre o risco de invasão.
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“Não estamos mais dormindo, não estamos mais produzindo, não estamos fazendo nada. Estamos servindo de zumbis e sendo ameaçados 24h por toda essa situação. Hoje o Lote 96 não dorme. Hoje nós não dormimos. Hoje nossas crianças vão ficar em claro sem saber se vão ver a luz do dia amanhã”, desabafa.
Desde 2005, ano marcado pelo assassinato da irmã Dorothy, os conflitos agrários nos assentamentos em Anapu aumentaram e cerca de 22* pessoas foram assassinadas no município, de acordo com o registro do Centro de Documentação Dom Tomás Baldino da Comissão Pastoral da Terra.
*Informação retificada.
Confira a portaria: