As discussões sobre diversidade e raça na CPT iniciaram um ciclo de debates sistemáticos nesta segunda-feira (27). Os espaços de conversas, por enquanto voltados exclusivamente para a CPT, foram divididos em três, "Sexualidade, Raça e Gênero", e vão ao encontro do processo de registro de conflitos no campo, realizado pelo Centro de Documentação Dom Tomás Balduino (Cedoc-CPT), que já inclui dados relativos às questões a que se dedicam este momento.
Por Mário Manzi - Assessoria de Comunicação da CPT Nacional
A primeira discussão, realizada virtualmente nesta segunda (27), iniciada às 9h30, dedicou-se a tratar sobre Sexualidade e teve mediação de Marcelo Vianna e Priscila Viana, da CPT Regional RJ/ES. Participaram 20 pessoas de diferentes regionais da CPT e da secretaria nacional. A iniciativa é encabeçada pelo 'Grupo de Trabalho sobre Diversidades'.
Território e resistência: Os desafios da luta LGBTI do campo, das águas e das florestas
Durante os momentos iniciais, Priscila levantou alguns questionamentos que guiaram a discussão, ao questionar o porquê de nossa sociedade discriminar diferentes expressões de sexualidade e de gênero."Tudo isso é político", emendou. Como método para entender o artifício narrativo que coopera com a criação de preconceitos, Viana sugeriu como exercício para entender as questões relativas à sexualidade, afastar a noção biológica, uma vez que gêneros são categorias e noções sociais, que a sociedade coloca como binária.
Coletivo LGBTI da Via Campesina inicia seminário sobre diversidade sexual e de gênero
Priscila e Marcelo também lembraram que, segundo dados do Grupo Gay da Bahia (GGB), divulgados em relatório neste ano de 2022, o Brasil é o país que mais mata pessoas LGBTs no mundo, e que este é um dos reflexos dessas construções de propriedade e domínio de corpos.
1ª Plenária LGBTI da Via Campesina debate sexualidade e luta política no campo
Após o primeiro momento, a participação foi aberta aos presentes, que falaram das vivências pessoais e nos regionais da CPT, e sobre formas em que sexualidade e gênero ganham contorno político. Em seguida, o Cedoc apresentou o processo de registro de dados, que passaram a possibilitar a leitura de casos de LGBTIfobia no campo, assim como informações sobre raça e etnia.
Dentre os encaminhamentos, foram abordados os próximos passos acerca das discussões, como a realização dos dois encontros seguintes, sobre os temas "Raça e Gênero", nos meses de junho e julho, e a possibilidade de um encontro nacional presencial.