Formação da Rede Mulher discute sobre patriarcado e suas formas de dominação com cerca de 35 agricultoras, apicultoras, pescadoras dos municípios de Juazeiro, Sento Sé, Pilão Arcado, Remanso, Campo alegre de Lourdes, Casa Nova, Curaçá, na Bahia.
Texto: Comunicação Irpaa | Fotos: Comunicação CPT Juazeiro
Com a proposta de ser uma formação modular, o primeiro encontro aconteceu nos dias 06 e 07 de novembro, no Centro de Formação Dom José Rodrigues, em Juazeiro (BA). A violência contra a mulher e a divisão injusta do trabalho foram as principais evidências reconhecidas pelas mulheres como a maior expressão do patriarcado.
Para a coordenadora da Rede, Jaciara Ladislau, as formações são realizadas no intuito de fortalecer uma rede de apoio e de defesa dos direitos das mulheres nos municípios que estão inseridas. Diante da atual conjuntura e da fragilidade nas políticas voltadas para as mulheres, estes momentos são, muitas vezes, as únicas oportunidades das mulheres conhecerem com mais profundidade seus direitos, pontuou a coordenadora da rede.
Jaciara também destacou que a formação é continuada e tem como estratégia multiplicar conhecimentos, tendo como tema Gênero e Agroecologia, “para que essas mulheres se sintam empoderadas para continuar fazendo esse trabalho nas suas comunidades, até porque a gente não tem como reunir todas as mulheres da rede”, explicou Jaciara.
Para Vaneide dos Santos Braga, agricultora e presidente da Associação de Fundo de Pasto de Garapa, no município de Casa Nova, esse primeiro momento que ela participa enquanto rede de mulher foi esclarecedor e uma oportunidade de crescer ainda mais a autonomia e o reconhecimento da força de cada mulher, o que fortalece os laços entre as companheiras.
Ela também destacou que o conteúdo contribuiu para reconhecer também a opressão vivida pelas mulheres, “com essa formação que a gente está tendo […] é muito importante a gente descobrir isso. A gente não vai perdendo aquele medo de ser forte, ser mulher, ser guerreira, você vê que é capaz de lutar”. Para Vaneide, reconhecer isso contribui para formar outras pessoas, “abrir a mente dele [homem], e ele vê a realidade que a gente está vivendo, que hoje a gente não quer viver mais debaixo de pé de marido e de qualquer outro homem”, exclama.
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Um dos momentos foi o planejamento de como multiplicar os conteúdos desta formação nas comunidades de origem das mulheres. Uma das estratégias definidas pelas participantes foi ocupar os espaços existentes para debater o tema com as demais pessoas da sua própria comunidade, para que elas entendam a importância dos direitos, da luta feminista.
“A ideia dessa formação é justamente essa, a partir da experiência e das realidades das mulheres do campo, a gente conseguir fazer debates sobre o patriarcado, feminismo, empoderamento para que não seja algo fora da realidade delas. Então, foi muito gratificante perceber que tudo que foi pensado na metodologia, elas trouxeram a partir dos exemplos e das vivências, e felizmente, muitas vivências de superação desse patriarcado no ambiente doméstico no ambiente do trabalho”, explicou a professora da Universidade do Estado da Bahia, Dalila Santos, que mediou o espaço.
Durante a formação, as mulheres também fizeram a trilha da Convivência com o Semiárido, que foi conduzida pelos/as estudantes da República do Irpaa. Neste momento, elas puderam conhecer algumas das tecnologias sociais que estão implantadas no Centro de Formação Dom José Rodrigues ao passo que debatiam a viabilidade da Convivência.
O evento contou com o apoio do Irpaa, da CPT e do Sasop. A próxima formação está prevista para acontecer no mês de fevereiro de 2020.