COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Durante três dias, o Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmem Bascarán (CDVDH) promoveu atividades jurídicas, culturais e de formação.

(CDVDH)

Entre os dias 17 e 19 de novembro, o Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmem Bascarán (CDVDH) promoveu várias atividades em comemoração aos seus 20 de aniversário. Fundado em 18 de novembro de 1996, em Açailândia (MA), o CDVDH/CB tem uma história de atuação contra o trabalho escravo, que infelizmente ainda é realidade não somente no Maranhão como em todo o Brasil.

A programação de aniversário teve início com as jornadas sóciojurídicas, onde profissionais de várias áreas (psicologia, direito, assistência social e comunicação) estiveram reunidos durante todo o dia 17 com um objetivo em comum: atender, de forma voluntária, moradores/as de quatro bairros açailandenses Vila Ildemar, Capelloza, Bom Jardim e Jacu.

Ao longo desses anos, o Centro de Defesa tem promovido também atividades culturais como forma de resistência. Por conta disso, no dia 18, foi montada na sede da instituição uma exposição sobre cultura afrodescendente, ressaltando a quebra de preconceitos contra as religiões de matriz africana. Estiveram expostos figurinos e instrumentos dos orixás, umbanda e candomblé, além de materiais de divulgação da entidade e desenhos dos artistas Walison Melo e Morais Filho, que retratam situações do trabalho escravo. Nas paredes, várias fotografias de momentos e ações realizadas, formavam uma “linha do tempo”.

A entidade conta atualmente com uma equipe interna de 12 pessoas, desenvolvendo atividades nos bairros Vila Bom Jardim e Vila Ildemar e ainda 150 pessoas que atuam em atividades culturais, possuindo reconhecimento internacional de órgãos de proteção aos direitos humanos e com forte contribuição social. Dentre os integrantes mais ativos está Xico Cruz, ex-aluno do projeto, hoje é o coordenador das atividades socioculturais. Ele dirigiu o espetáculo “Centro 20 anos”, que estreou na noite do dia 18 e teve quase duas horas de duração, com apresentações de teatro, dança e capoeira fazendo um resgaste histórico sobre a atuação do CDVDH/CB contra o trabalho escravo e pela promoção de uma cultura libertadora. 

Além do espetáculo houve também o lançamento do documentário “A força dos pequenos”, um filme que retrata de modo elucidativo e prático a fundamentação do Centro de Defesa e traz um pouco de sua história. Esse vídeo foi reexibido na manhã do dia 19, durante as mesas redondas temáticas.

A primeira mesa discutiu o tema, “20 anos de CDVDH/CB: Contexto de Açailândia em 1996 e o nascimento de um sonho de luta e resistência: Avanços e desafios desta caminhada”, onde a fundadora da entidade, Carmem Bascarán, frisou pontos importantes e históricos ao longo dos anos de existência do Centro de Defesa. “Açailândia era uma desesperança, começamos a idealizar o que hoje é o Centro. Nós queríamos trabalhar com o povo e para o povo, mas, sobretudo, como povo”, relatou ela. Na mesa redonda também tiveram representantes da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), dos Missionários Combonianos e trabalhadores resgatados do trabalho escravo contemporâneo.

A segunda roda de conversa destacou o tema “Enfrentamento ao Trabalho Escravo na Amazônia Maranhense: Avanços e desafios dos últimos 10 anos”, com participação da Comissão Pastoral da Terra (CPT), representantes do Ministério Público do Trabalho e da Comissão de Erradicação do Trabalho Escravo no Maranhão e também trabalhadores resgatados do trabalho escravo.

Durante essa mesa houve diversos depoimentos emocionantes. Como o relato de Marinaldo Soares Santos, trabalhador resgatado que mora em Pindaré-Mirim. “Eu fui resgatado pelo Centro de Defesa, unidos nós poderemos ajudar muitas pessoas para que não passem o que eu passei. O Centro ainda terá muitas lutas e com muitas vitórias”, enfatizou.

É a missão do CDVDH/CB construir histórias a favor de um ideal. Acreditar na força dos/as pequenos/as. Promover a arte, a música, a dança e a capoeira. É ter anseios de um mundo mais fraterno e tolerante. É como diz Carmém Bascarán: “Este Centro é a conspiração da esperança”.

 

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