O porto de Maceió foi ocupado por trabalhadores e trabalhadoras rurais e urbanitários de Alagoas durante todo o dia desta quinta-feira (29) em um ato pelo Dia Estadual Contra a Violência no Campo e na Cidade em Defesa do Povo Alagoano. A mobilização teve a adesão do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e dos sindicatos dos profissionais da educação, Polícia Civil, bancários e outras categorias urbanas.
Do Brasil de Fato
Foto: Rafael Soriano/MST
Na agenda de pauta, os manifestantes pediam a suspensão das ordens de despejos agendadas para o mês de dezembro, além da prisão dos executores e mandantes de crimes contra os trabalhadores rurais – que ainda estão impunes – como também a suspensão dos decretos 23/115 e 23/111 que renegociam as dívidas dos usineiros e a isenção de impostos.
“Fechamos o porto, pois é daqui que escore o sangue dos nossos trabalhadores rurais que cortam cana e que os usineiros fazem vista grossa”, destacou Zé Roberto, dirigente nacional do MST. “Hoje não entra nem sai nenhum caminhão de açúcar enquanto não conseguirmos suspender os mandados de despejos.”
Os manifestantes solicitaram diversas audiências: com o governo do Estado, com o Tribunal de Justiça, com a Assembleia Legislativa, o INCRA e superintendência do porto de Maceió.
“No momento em que o governo do Estado vem intensificando seus ataques ao povo de Alagoas, nós damos a resposta mostrando que a população está forte e disposta a combater”, destacou Girlene Lázaro, da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
A mobilização teve início na praça Visconde de Sinimbú, no Centro de Maceió e percorreu a orla em direção ao cais do porto.
Dia Estadual Contra a Violência no Campo e na Cidade
O dia foi instituído após o tombamento do trabalhador rural Jaelson Melquíades, assassinado com cinco tiros em 29 de novembro de 2005, no acampamento Ouricuri III, hoje assentamento, município de Atalaia. De acordo com o MST, os mandantes e o executor da morte de Jaelson foram sentenciados pela Justiça, mas até hoje continuam impunes.
O último assassinato envolvendo crimes de mando foi contra o trabalhador rural Edvaldo Rodrigues Ferreira, acampado na Fazenda Porto Seguro, no município de Porto de Pedra, acompanhado pela CPT. O camponês desapareceu no dia 30 de junho deste ano e o seu corpo foi encontrado em 26 de julho em um matagal.