COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Seis membros da organização espanhola não governamental para o desenvolvimento, Manos Unidas, da Espanha, visitaram, no último fim de semana, comunidades camponesas e indígenas de Mato Grosso do Sul (MS), Brasil.  

 

 

 


Manos Unidas é uma entidade católica  que desde 1960 luta em muitos países fora da Espanha junto a instituições e organismos de América Latina e outros continentes para a erradicação da pobreza e outros males estruturais. No MS apóia o trabalho de Comissão Pastoral da Terra (CPT) no que se refere à organização social e produção dos pequenos lavradores. O apóio da Manos Unidas permite hoje  à CPT desenvolver diferentes atividades junto aos camponeses fixados nos assentamentos conquistados na luta pela reforma agrária no Brasil. As mesmas estão focadas no eixo da produção agroecologica. Dentre outros afazeres foram e estão sendo desenvolvidas oficinas sobre a organização da propriedade, o aproveitamento e processamentos de alimentos, a criação de bancos comunitários de sementes, produção de mudas e sementes de produtos agrícolas e adubos verdes, implantação e manejo de quintais produtivos e troca de experiências entre agricultores.  

Durante a visita, os membros da entidade se dispuseram, fundamentalmente, escutar as inquietudes, os problemas e  os sonhos dos pequenos agricultores. No assentamento Itamarati participaram também de uma reunião com o Núcleo de Agroecologia, integrada por 74 famílias.  O Núcleo recebe apóio da parceria CPT/MS-Manos Unidas. A experiência tem se constituído num importante desafio da CPT no assentamento Itamarati através do incansável trabalho da irmã Olga Manosso, uma das fundadoras da entidade no MS.  

Em diferentes momentos os agricultores falaram de sua opção preferencial pela agricultura agroecologica, uma vez que a CPT somou junto com eles conhecimentos e troca de experiências. Expressaram suas dificuldades no dia a dia perante a falta de apóio e incentivo que pudessem dar maior visibilidade ao setor que puxa um modelo diferenciado de produção e de relação com a terra, baseado no respeito ao ser humano e à natureza.  Referiram-se sobre suas lutas para driblar a imposição de diferentes forças que atuam e colocam na cabeça dos trabalhadores camponeses as palavras de ordem como “progresso e desenvolvimento” a qualquer custo. Perante isto os agricultores familiares levam desvantagem considerável. Se quiserem permanecer na produção de produtos sadios, e se optarem viver dignamente da terra e na terra conquistada, o custo é alto e  cheio de sacrifícios. Os “povos da terra” têm que agüentar o acosso da propaganda e de políticas que privilegiam a  agricultura convencional, o agronegócio, as usinas, o uso de agrotóxicos, sementes transgênicas, as monoculturas de exportação, e em muitos casos a violência.   “Produzir e consumir produtos orgânicos é uma questão de vida para nós. Não é fácil. Muitos se desanimam porque o método da agricultura tradicional é forte. A nossa opção é pela vida, pelos nossos filhos e netos”, manifestou um dos agricultores. Outro acrescentou: “Trabalhar ecologicamente não é fácil. Nossa cabeça já vem com agrotóxico porque nossos pais já produziam assim. Hoje, ganhar só dinheiro não é o nosso único objetivo”.  

Os visitantes da Manos Unidas tiveram também oportunidade de percorrer os quintais produtivos das famílias visitadas no assentamento Itamarati. Os mesmos mostraram sua satisfação de estar mais uma vez no MS para aprofundar sobre a realidade da vida e da luta dos pequenos lavradores e conhecer melhor o serviço social e pastoral da CPT na região. Importantes ações desenvolvem camponeses, camponesas, e a CPT juntos mediante o apóio dessa entidade solidaria, cuja ação humanitária pelo mundo é possível mediante o trabalho voluntário de seus membros.

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