COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Com o tema “Cuidar da Vida, Cuidar da Terra” e o lema “Enviou-me para cuidar dos que estão com o coração quebrantado - (Is 61, 1-3)”, a CPT Mato Grosso realizou sua XXVII Assembleia regional entre os dias 21 e 23 de abril. Confira a Carta divulgada pelos agentes da CPT no estado:

“Queremos e devemos apoiar o nosso povo, pôr-nos ao seu lado, sofrer com ele e com ele agir.

Apelamos à sua dignidade de filho de Deus e ao seu poder de teimosia e de Esperança.” (Pedro

Casaldáliga, in Carta Pastoral “Uma Igreja da Amazônia em conflito com o latifúndio e a marginalização social”).

 

Nos 50 anos de memória do grito da Amazônia expresso na Carta Pastoral do nosso querido Pedro Casaldáliga, contra toda forma de agressão à vida humana e à terra, nós agentes pastorais, camponeses e camponesas, secretário executivo da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – Regional Oeste 2, bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia, bispo da Diocese de Juína, lideranças populares de movimentos sociais, das CEBs e de organizações parceiras, representação da nova coordenação da CPT Nacional, nos reunimos na XXVII Assembleia Regional Mato Grosso da Comissão Pastoral da Terra – CPT, nos dias 21 a 23 de abril de 2021, de forma remota, frente a situação da pandemia da Covid-19. Neste encontro avaliamos o triênio 2019/2021, revisitamos as prioridades e linhas de ação pastoral em vigor e nos apropriamos das prioridades da CPT Nacional, definidas em Assembleia, realizada também em abril do corrente ano.

Também fizemos memória dos 25 anos do Massacre em Eldorado Carajás e dos 4 anos do Massacre de Colniza e de Pau D’Arco, cujos camponeses e camponesas mártires, se somam às mais de 250 vítimas de massacres no Brasil, desde 1985. São mortes matadas que continuam impunes, mas que para nós são Sementes de Luta, Resistência e Esperança!

Se somam ao martírio das quase 400 mil vítimas da Covid-19, agentes da CPT, como a companheira Aparecida Soares, que fez sua Páscoa durante o primeiro dia de nossa Assembleia, Romerson Alves de Jesus, agente da CPT Goiás e o Padre Dionísio Kuduavicz, cofundador e primeiro coordenador da CPT/MT. Tantas mortes são consequência de uma postura negacionista, irresponsável e criminosa do Governo Federal genocida, com a conivência da maioria do Poder Legislativo Federal e Estadual, cujas medidas têm aumentado diuturnamente as mortes no Brasil.

Nossa Assembleia se dá em meio a uma devastadora crise sanitária, somada a uma crise ambiental sem precedentes, onde o Governo permite que a “boiada passe”, como expressou o Ministro Ricardo Salles. Diante da qual, somos mais do que nunca, conclamados e conclamadas a assumir a defesa de nossa Casa Comum, como diz o Papa Francisco, da Pachamama, como é chamada por alguns povos originários andinos, ou ainda na defesa da Terra Sem Males, como chamam os Guarani, diante dos males da terra.

Expressamos nosso compromisso no atendimento à convocação do Papa Francisco, que nos unamos aos movimentos sociais e populares, como cristãos e cristãs de comunidades. Na Páscoa de 2020, Francisco, mais uma vez em profecia, dizia, se dirigindo aos movimentos sociais, que: “Vocês são, para mim, verdadeiros ‘poetas sociais’ que, das periferias esquecidas, criam soluções dignas para os problemas mais graves dos excluídos.”. Para o Papa, os movimentos sociais e populares são “um exército invisível que combate nas trincheiras mais perigosas.”. E como, há algum tempo, o Manifesto Comunista conclamava “Trabalhadores Uni – vos!”, agora, Francisco Bergoglio conclama a que todos tenham acesso universal a “terra, teto e trabalho.”.

Os efeitos mais mortais e nefastos dessa Pandemia, fazem suas maiores vítimas entre os empobrecidos. Há um plano diabólico em andamento, em uma necropolítica sobre os corpos e os territórios dos mais pobres, filhas e filhos da terra, há um desmonte continuado e pensado das políticas públicas e perdas cada vez maiores de direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, cujo dia de luta também celebraremos logo mais no 1º de maio.

Repudiamos a tudo isso! Repudiamos a violência cada vez maior do Estado, institucionalizada, o ódio e a violência contra as minorias, o armamento da população, a LGBTfobia, o feminicídio, o extermínio das juventudes nas periferias, especialmente pobre e preta, o fundamentalismo religioso, dentre tantas mortes e tantos gritos. Lutamos para não sermos escravos e escravas do “regulamento” orquestrado pelos amantes da morte, que não muda, enquanto o mundo gira cada vez mais rápido, nos deixando sem fôlego.

Diante de tudo isso, nesse tempo pascal, reafirmamos nosso compromisso com os pobres, preferidos de Jesus, o Crucificado – Ressuscitado, vencedor da morte, em fidelidade ao Evangelho e

à Verdade nele expressa. Cremos na força das manifestações de religiosidade e de cultura popular, na força subversiva das juventudes, na força de vida criativa e uterina das mulheres. Valorizamos a vida que brota nas práticas ancestrais e ecológicas do povo do campo, nas raizeiras e benzedeiras, na vida que eclode das guardiãs e guardiões de sementes. Nessa grande noite escura, com Fé no Ressuscitado, esperando o lindo dia que irá chegar, anunciamos e afirmamos: somos acendedores e acendedoras da Esperança!

Conclamamos e unimos nossa voz a outras vozes populares a gritar a plenos pulmões, enquanto tivermos respiro e forças: Vacina para todos e todas Já! Viva o SUS! Fora Bolsonaro! E que esse grito faça a terra tremer!

Cuiabá-MT, 23 de abril de 2021.

 

Save
Cookies user preferences
We use cookies to ensure you to get the best experience on our website. If you decline the use of cookies, this website may not function as expected.
Accept all
Decline all
Read more
Analytics
Tools used to analyze the data to measure the effectiveness of a website and to understand how it works.
Google Analytics
Accept
Decline
Unknown
Unknown
Accept
Decline