Nesta manhã de quarta-feira, 29 de maio, às 09 horas, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Tucuruí, na região sudeste do Pará, lança, no Auditório do Sindicato dos Professores de Educação do Pará, a publicação Conflitos no Campo Brasil 2018.
Fonte: Assessoria de Comunicação da CPT Nacional
Imagem: Elvis Marques / CPT Nacional
O evento de lançamento contará com a presença de Andréia Silvério, da coordenação da CPT no Pará; Yuri Paulino, da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB); e a presença de um representante do Ministério Público Federal (MPF); além das comunidades acompanhadas pela CPT na região de Tucuruí.
Essa é a 34ª edição do relatório anual que reúne dados sobre os conflitos e violências sofridas pelos trabalhadores e trabalhadoras do campo brasileiro, neles inclusos indígenas, quilombolas, assentados, acampados e demais povos tradicionais.
Além dos dados sobre o Pará, também serão apresentadas informações sobre a Amazônia Legal, que abrange nove estados: Acre, Amazonas, Amapá, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão.
Nestes primeiros meses de 2019, a violência no campo já fez 11 vítimas, sendo dois casos de massacres no município de Baião, no Pará, com 6 mortes. Dois outros assassinatos ocorreram no Amazonas, dois no Mato Grosso e um na Bahia.
::. Acesse a publicação Conflitos no Campo Brasil 2018
Massacres em Baião
No município de Baião, a 60 quilômetros de Tucuruí, seis pessoas foram assassinadas em dois casos de massacres em março deste ano de 2019. No dia 22 (Dia Mundial da Água), a liderança do MAB no Pará, Dilma Ferreira Silva, foi uma das vítimas do massacre que vitimou três pessoas no Assentamento Salvador Allende. Dilma, seu esposo, Claudionor Amaro Costa da Silva, de 42 anos e um amigo do casal, Milton Lopes, 38, foram encontrados mortos na entrada da residência, onde funcionava um mercado/bar.
Dois dias após o primeiro massacre, no dia 24, três corpos carbonizados foram encontrados em uma fazenda localizada nas imediações da vicinal da Martins, também na zona rural de Baião, a cerca de 14 quilômetros do Assentamento Salvador Allende. As vítimas foram Marlete da Silva Oliveira e Raimundo de Jesus Ferreira, caseiros da fazenda, e Venilson Da Silva Santos, tratorista da propriedade.
Lançamento do relatório Conflitos no Campo Brasil 2018 em Tucuruí, no Pará. Crédito: CPT Tucuruí
No início da noite de 26 de março, a Polícia Civil prendeu o principal suspeito, Fernando Ferreira Rosa Filho, conhecido como “Fernandinho”, que seria o mandante dos massacres. Fernandinho é acusado de vários crimes na região Sudeste do Pará, tais como: envolvimento com tráfico de drogas, agiotagem, receptação, roubo a banco, homicídio e tentativa de homicídio, e grilagem de terras. Ainda de acordo com a polícia e segundo os depoimentos coletados, Fernandinho não gostava da “vizinhança” e do fato de parte do assentamento estar em terras que ele dizia serem dele. Isso teria motivado a ordem de assassinar Dilma, seu esposo e o amigo deles.
No caso desse massacre, de acordo com as testemunhas, os três funcionários da fazenda de Fernandinho não estavam satisfeitos por não terem seus direitos trabalhistas respeitados, o que poderia vir a ser reclamado judicialmente. Há ainda a denúncia de que o acusado estaria construindo uma pista de pouso clandestina para aeronaves de traficantes de drogas, na fazendo palco do segundo massacre, e por isso, talvez não quisesse ser incomodado por ninguém, muito menos por vizinhos ligados a movimentos sociais e funcionários insatisfeitos.
A polícia confirmou, ainda, que o mandante tinha contato direto com os executores antes, durante e depois dos crimes. Seriam eles quatro irmãos: Marlon Alves, Cosme Francisco Alves, Alan Alves e Glaucimar Francisco Alves. Contra Glaucimar já existia mandado de prisão preventiva em aberto desde 2015, expedido pela Comarca de Tucuruí, por crime de homicídio. Já Marlon é foragido do Sistema Prisional por ação penal também por homicídio.