No próximo dia 12 de abril, na sexta-feira, a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) inicia a 5ª edição do seu Festival Internacional Amazônida de Cinema de Fronteira (FIA CINEFRONT).
Fonte/Imagem: Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis
O Cinefront é um evento organizado pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis (Proex) da Unifesspa em parceria com movimentos sociais, outras universidades e a Secretaria Municipal de Cultura de Marabá, ofertando sessões gratuitas de cinema com caráter de mostra e debate de obras cinematográficas que abordam a realidade de regiões consideradas de fronteiras, como a Amazônia.
Sempre em abril, o Cinefront integra o calendário de eventos realizados em referência à Semana da Luta pela Terra. Em âmbito nacional, a ação principal é a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA), e na Unifesspa, é a Semana Camponesa, realizada em memória do Massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 17 de abril de 1996.
Este ano, o Festival faz homenagem à Comissão Pastoral da Terra (CPT), entidade ligada à Igreja Católica, que desde a década de 1970 realiza trabalho de base junto aos trabalhadores rurais, posseiros e peões, explorados em seu trabalho, submetidos a condições análogas ao trabalho escravo e expulsos das terras que ocupavam.
A CPT destaca-se no meio cinematográfico como colaboradora em documentários que envolviam o trabalho da própria pastoral junto às comunidades camponesas e na defesa dos direitos humanos. E, desde 2006, é produtora de documentários, reconhecendo o potencial do cinema como um instrumento político-pedagógico.
"A CPT é fomentadora e inspiradora de obras cinematográficas de destaque nacional e internacional, a partir da disponibilização dos arquivos das histórias das lutas sociais desta região, assim como das pessoas engajadas nesse movimento histórico da luta contra o trabalho escravo e todas as outras formas de exploração que fortalece os latifúndios", disse Claudiana Guido, Coordenadora de Cultura na Unifesspa.
Por isso, o cartaz do Cinefront, com imagens cedidas pela CPT do ato em memória ao Massacre de São Bonifácio, em analogia ao filme “Igreja dos Oprimidos” (1985), de Jorge Bodanzki. A obra narra as atividades dos padres católicos ligados à Teologia da Libertação e à CPT que auxiliavam os camponeses em sua organização política e nas denúncias dos assassinatos de líderes sindicais cometidos por pistoleiros.
“Mais que denuncia aos processos de ‘desenvolvimento’ pautados por interesses econômicos e políticos, o Festival expõe por meio da imagem, da fala e do fazer cinematográfico que se produz desde a fronteira, a dinâmica social própria que envolve vida, trabalho, cultura, modos singulares de existir, de se organizar politicamente e de se relacionar com o mundo e com o meio em que se vive, independentemente daquilo que é engendrado pelos interesses dos chamados ‘centros’. Assim, o festival se coloca também como momento de celebrar as lutas sociais e a re-existência popular que fazem da fronteira, front de batalha por direitos, igualdade, justiça e dignidade”, destacou o professor Evandro Medeiros, um dos idealizadores do Festival e membro da curadoria.
Desde sua primeira edição em 2014, Cinefront já exibiu mais de 50 produções em 130 sessões, atingindo um público de cerca de 8 mil expectadores em Marabá e nas cidades em que a Unifesspa tem campus instalado, no Acampamento da Juventude Sem Terra e comunidades indígenas, assim como em outras regiões brasileiras e outros países, como Peru e Alemanha, consolidando-se como uma das principais ações culturais da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis da Unifesspa.
Programação
O Cinefront inicia no Cine Marrocos, em Marabá, com a exibição dos filmes “Bandeiras Verdes” (Murilo Santos, 1987), “Manu: essa história não é minha só”, (Giovanna Vale, 2018) e “A Lenda da Terra Dourada”, (Stéphane Brasey, 2007), dia 12 de abril.
As sessões e debate sobre as obras seguem até o dia 18 em Marabá e nas outras cidades em que a Unifesspa tem campus instalado e no Acampamento da Juventude Sem Terra, na Curva do ‘S’.
O Festival também terá programação nas cidades de Araguaína (TO), Porto Grande (AP), Imperatriz (MA). Em Lima (Peru), a programação na Pontifícia Universidad Católica será de 10 a 12 de abril com as seguintes obras: Amazônia, masato e petróleo (Produção: Lliga dels drets dels pobles), El verdadero Avatar (Direção: David Suzuki) e La espera, histórias del Baguazo (Direção: Fernando Vílchez Rodríguez).
Confira os 14 filmes que serão exibidos na programação do Brasil:
“A Lenda da Terra Dourada”. Ano: 2007. Duração: 55 min. Direção: Stéphane Brasey
"Anel de Tucum". Ano: 1994. Duração 1 h 09 min. Direção: Conrado Berning.
“Ararandeua”. Ano: 2018. Duração: 25 min. Direção: Ricardo d'Almeida
“As hiper mulheres”. Ano: 2011. Duração: 01 h 20 min. Direção: Carlos Fausto, Leonardo Sette e Takumã Kuikuro.
“Bandeiras Verdes”. Ano: 1987. Duração 30 min. Direção: Murilo Santos
“Conservadorismo em Foco – Um filme sobre a ideologia burguesa”. Ano: 2018. Duração: 01 h 11 min. Direção: Arthur Moura e Felipe Xavier.
"Dezinho: vida, sonho e luta". Ano: 2006. Duração 42 min. Direção: Evandro Medeiros.
“Dois pesos”. Ano: 2017. Duração: 18 min. Direção: Rejane Neves
“Ex-Pajé”. Ano: 2018. Duração: 1h 21min. Direção: Luiz Bolognesi.
“Expedito em Busca de Outros Nortes”. Ano: 2006. Duração: 01 h 15 min. Direção: Aída Marques e Beto Novaes.
“Ferida Amazônica”. Ano: 2018. Duração: 8 min 30 s. Direção: Bruna Soares, Athos Reis, Delma Pompeu, Gabrielly Siqueira, Raphaela Max e Kerollen Paulina.
“Manu: essa história não é minha só”. Ano: 2018. Duração 15 min. Direção: Giovanna Vale.
“Mulheres, Mães e Viúvas da Terra: Sobrevivência da Luta e Esperança de Justiça”. Ano: 2009. Duração 25 min. Direção: Evandro Medeiros.
‘‘Quilombo Rio dos Macacos’’. Ano: 2017. Duração 120 min. Direção: Josias Pires.