Seguindo as comemorações dos 30 anos da Comissão Pastoral da Terra Nordeste 2, a equipe de CPT em João Pessoa, na Paraíba, em parceria com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), realizou um encontro de memória da CPT NE 2 no Campus I da UFPB, na manhã do dia 06 de setembro.
(Fonte/Imagens: CPT NE 2)
O objetivo da atividade foi ser um espaço de partilha e apresentação de diversos trabalhos acadêmicos – de iniciação científica, graduação, mestrado e doutorado – elaborados por pesquisadores e pesquisadoras sobre os mais variados temas que envolvem a CPT e as comunidades por ela acompanhadas.
Produção agroecológica, comercialização, formas de organização das comunidades, conflitos e luta pela terra, questões de gênero e educação do campo foram alguns dos temas apresentados.
Na ocasião, agentes pastorais e lideranças comunitárias também apresentaram seus trabalhos científicos desenvolvidos em programas de graduação e de pós-graduação. João Muniz, camponês e agente pastoral, foi um dos que apresentou a sua pesquisa. No momento, ele ressaltou que, apesar de atualmente muitos trabalhadores e trabalhadoras rurais terem acesso ao ensino superior, ainda é longo o caminho para superar o preconceito vivido por eles e elas dentro das universidades.
“Quando entrei na universidade, recebi muitas críticas dizendo que entramos pelas portas da cozinha [Pronera] e que não tínhamos condições de estar aqui. Foram momentos de muitas dificuldades. Mas o fato de ser do campo me dá orgulho. Conseguimos tirar as melhores notas, muitas acima da média de outras turmas”, relembrou.
Na ocasião, também foi ressaltado algumas iniciativas entre a CPT e a Universidade que visam a valorização da memória e da história dos povos do campo no estado. Foi destacado o processo de digitalização do extenso acervo da Pastoral, feito com o apoio de departamentos da UFPB, como o de Geografia e o de Ciências Jurídicas, além do Centro de Documentação Popular da Paraíba (Dedop).
O acervo, composto por documentos jurídicos, registros de conflitos, vídeos, imagens, etc, é considerado de extrema relevância para manter viva a história e a memória das lutas camponesas no estado da Paraíba.
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O esforço de reunir as pesquisas que envolvam a CPT e as comunidades camponesas também é uma iniciativa em andamento. Uma equipe formada por professores e professoras da UFPB e por agentes da CPT iniciou um processo de levantamento de todos os trabalhos acadêmicos realizados no estado com temáticas que envolvam diretamente a CPT e as comunidades acompanhadas pela Pastoral para ser disponibilizado para o público em geral.
“Tudo isso faz parte de um processo muito interessante de memória, porque estamos registrando a história das comunidades através desses trabalhos e, no resgate da história das comunidades aparece o serviço da CPT, o serviço de uma Pastoral de fronteira. É muito satisfatório, porque em momentos como esse observamos que o resultado de transformação é visível na vida do povo”, ressaltou Tânia Maria, agente pastoral em João Pessoa e coordenadora da CPT NE2.