Arroladas pela acusação, ao menos quatro pessoas foram ouvidas em primeira audiência e inocentaram Amaro
(Texto e imagens por Mário Manzi - Assessoria de Comunicação da CPT)
Anunciado o início da audiência de Instrução e Julgamento de Padre José Amaro Lopes na quarta-feira (12), o juiz Esdras Murta Bispo, que conduziu a sessão, avaliou pela divisão da audiência em dois momentos: o dia corrente, dedicado à oitiva de supostas vítimas e inquirição das testemunhas de acusação, e o dia 07 de novembro de 2018, dedicado a ouvir as testemunhas de defesa bem como tomar declarações de Padre Amaro.
Os primeiros a serem ouvidos nesta primeira audiência, em maioria fazendeiros que alegam terem sido vítimas de extorsão e esbulho possessório por parte de Amaro, foram sucedidos pelas testemunhas de acusação.
Das 17 pessoas arroladas pelo Ministério Público e assistentes de acusação, 16 estiveram presentes. Destes, nem todos fizeram constar, nas declarações perante o juiz, acusações contra o padre, tendo havido, inclusive, ao menos quatro testemunhas (camponeses da região) que contradisseram as acusações imputadas a Amaro. Em um dos depoimentos, uma das testemunhas, quando perguntada acerca das supostas práticas delituosas do padre, chegou a dizer “Sinceramente, não sei o que estou fazendo aqui”.
A inquirição da última testemunha a ser ouvida no dia foi suspensa, vez que o depoimento prestado durante o inquérito, à Polícia Civil, não foi juntado aos autos do processo.
Na avaliação de Marco Apolo Santana Leão, que compõe a equipe jurídica de defesa de Amaro, “[as supostas vítimas] têm interesses pessoais em criminalizar o Padre Amaro, assim como tentaram fazer com Dorothy”.
Isolamento
O Fórum da Comarca de Anapu, localizado na rua Duque de Caxias, número 2, foi isolado pelo policiamento, o que impediu a entrada de apoiadores de Amaro. Estes, entretanto, realizaram vigília em frente ao isolamento, carregando faixas e realizando orações. O bispo da Prelazia do Xingu, Dom João Muniz Alves, padres e irmãs, foram ao local prestar solidariedade a Padre Amaro.
Entenda o Caso
No dia 4 de março deste ano, Padre José Amaro Lopes de Sousa foi preso e indiciado por um total de sete crimes, após denúncias de fazendeiros da localidade. Membro da Comissão Pastoral da Terra (CPT), o religioso atuava junto a comunidades camponesas e povos da floresta da região de Anapu, em continuidade ao trabalho de Irmã Dorothy Stang, de quem era considerado braço direito, na condução dos Projetos de Desenvolvimento Sustentável (PDS), que tem apoio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Além das acusações de esbulho possessório e extorsão, o padre responde ainda por associação criminosa e lavagem de dinheiro. A concessão do habeas corpus a Amaro em 28 de junho, por parte do ministro Rogério Schietti Cruz, do Superior Tribunal de Justiça, já contestava, contudo, a palpabilidade da denúncia por associação criminosa.
Próxima audiência
No dia 07 de novembro, em Anapu, serão ouvidos as testemunhas de defesa e Padre Amaro. Até lá serão realizadas audiência de precatórias nas cidades de Altamira, Belém e Marabá. Podendo haver também diligências determinadas pelo juiz.
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