Uma pesquisa encomendada pela CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária) contesta o Censo Agropecuário de 2006, que aponta a agricultura familiar como responsável por 38% do valor bruto da produção de alimentos no país.
Uma pesquisa encomendada pela CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária) contesta o Censo Agropecuário de 2006, que aponta a agricultura familiar como responsável por 38% do valor bruto da produção de alimentos no país. De responsabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV), os dados revelam que o grupo representa 64,4% do total de estabelecimentos rurais, mas gera apenas 23% do Valor Bruto de Produção.
Para o ex-presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária Gerson Teixeira, a regulamentação de políticas públicas não tem a abrangência de uma lei, em função dos custos fiscais e da indisponibilidade de recursos para crédito.
“Foi essa mágica metodológica que eles fizeram. Ao invés de adotar o conceito que está na lei, como fez o IBGE, usaram a regulamentação da lei, feita pelo Banco Central. Com isso, houve uma brutal redução da agricultura familiar. Para a CNA isso foi fundamental porque incomodava demais os resultados do IBGE apontando o tamanho e peso da agricultura familiar num contexto de hegemonia do agronegócio. Eles tinham que encontrar uma marca como a FGV para legitimar uma manipulação grosseira como essa.”
Teixeira revela que a agricultura familiar não dispõe das alternativas oferecidas aos grandes proprietários, o que explica o grande número de agricultores que enfrentam dificuldades para subsistir.
“Os grandes proprietários compensam essa perda de rentabilidade com vários expedientes. Primeiro, a precarização do trabalho no campo. Segundo, o passivo ambiental. Terceiro, com estímulos fiscais e tributários que são imensos. E, por fim, os calotes do crédito rural.”
Ainda segundo a FGV, o Brasil possui 3,3 milhões de produtores rurais que praticam a agricultura familiar.
De São Paulo, da Radioagência NP, Jorge Américo.