A abertura do VII Simpósio Internacional de Geografia Agrária (SINGA) ocorreu na última sexta-feira (30), no Teatro Madre Esperança Garrido, na região central de Goiânia, Goiás. Antecedeu as homenagens, a solenidade de abertura do evento e apresentações culturais – monólogo apresentado por atriz do Grupo de Teatro Guará e apresentação da Orquestra de Violeiros de Goiás. Posteriormente, diversos lutadores e lutadoras por direitos e organizações foram homenageados e homenageadas.
O SINGA acontece entre os dias 30 de outubro e 03 de novembro. O evento tem como tema central “A questão agrária na contemporaneidade: dimensões dos conflitos pela apropriação da terra, da água e do subsolo”.
Antes das homenagens, um vídeo produzido pela equipe organizadora do SINGA mostrou um pouco da história de Dom Tomás e Dom Pedro.
Dom Tomás Balduino foi homenageado (in memorian). Seu sobrinho, João Carlos Balduino, recebeu a homenagem e falou um pouco sobre a falta que Tomás faz. “É uma honra receber essa homenagem. A ficha ainda não caiu sobre a morte do meu tio. A gente ainda sente a presença dele e sempre falamos que a cada assentamento, a cada homenagem, a cada luta, a cada pessoa que se lembrar dele, ele continuará vivo entre nós”, disse.
Dom Pedro Casaldáliga, também membro fundador da CPT, foi homenageado no evento. O amigo Antônio Canuto foi quem o representou. “Dom Pedro foi a voz que levantou. Aquela voz forte que logo que chegou ao Brasil escreveu o documento ‘Escravidão e feudalismo no Sul do Mato Grosso’. Depois a Carta Pastoral, em 1971, que pode se dizer que foi um documento fundamental para o surgimento da CPT”, destacou. Canuto ainda frisou como a CPT está relacionada ao tema proposto pelo Simpósio. “A gente aqui, nesse SINGA, se sente em casa com o tema desse evento. São os temas que a CPT hoje trabalha. E essa é a temática que discutimos todos os dias lá na CPT”,
Aline Porfírio representou o avô, José Porfírio, no momento de homenagem.“Eu não tive o prazer de olhar para o meu avô. Não pude ouvir as histórias dele. Mas eu sei que se eu pudesse olhar e falar com ele, ele me diria: eu faria tudo de novo. Lutaria e passaria pela tortura novamente, pois acredito na luta”, ressalta.
Frei Xavier Plassat, membro da Campanha da CPT de Combate e Erradicação do Trabalho Escravo “De olho aberto para não virar escravo”, citou, durante sua fala, alguns geógrafos que contribuíram de alguma forma na luta contra o trabalho escravo. Falou ainda da tentativa do Congresso Nacional de alterar a atual definição de Trabalho Escravo. “É um momento muito importante para continuarmos a indignação e a luta contra o trabalho escravo”, frisou.
Veja a relação dos/das pessoas que receberam a homenagem do SINGA: Comissão Pastoral da Terra (CPT); Antônio Canuto, membro fundador da CPT; Dom Tomás Balduino, bispo emérito de Goiás e membro fundador da CPT, representado pelo sobrinho João Carlos Balduino; Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia e membro fundador da CPT, representando pelo amigo Antônio Canuto; Frei Xavier Plassat, membro da Campanha da CPT de Combate e Erradicação do Trabalho Escravo “De olho aberto para não virar escravo”; Jessica Brito, do Movimento Camponês Popular (MCP); Lucilene dos Santos Rosa, da Associação Quilombo Kalunga; Valdir Misnerovicz, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); Maria de Fátima Barros, da Fundação Barros e Movimento Quilombola do Maranhão (Moquibom); Aline Porfírio, neta de José Porfírio; Terezinha de Souza Amorim, irmã de Divino Ferreira de Souza, Guerrilheiro do Araguaia; e Michéas Gomes de Almeida, conhecido como Zezinho, Guerrilheiro do Araguaia.