Após dezesseis anos do Massascre de Corumbiara, famílias remanescentes da área e parentes das vítimas serão assentadas nas terras da antiga fazenda Santa Elina, em Rondônia.
Depois de dezesseis anos, as famílias do Massacre de Corumbiara serão assentadas. Acordo com sem terras foi realizado com mediação do Dr Gercino Filho, da Ouvidoria Agrária Nacional, em Vilhena (RO), no início de dezembro. Após vistoria, o INCRA foi imitido na posse da fazenda Santa Elina, em Corumbiara (Rondônia).
A citada fazenda foi palco do Massacre de Corumbiara, em 09 de agosto de 1995, que resultou na morte de 12 pessoas, entre elas a pequena Vanessa, e 53 feridos. Testemunhas consideram que o número real de vítimas ainda foi muito maior, pois relatam muitos desaparecidos e restos de ossadas queimadas foram achados depois. Somente agora as famílias remanescentes do massacre serão assentadas pelo INCRA e ainda estão esperando indenização, que será decidida na justiça, pelos excessos cometidos pela polícia, no mando do então governador Valdir Raupp (PMDB).
A fazenda tinha sido reocupada em maio de 2008, logo depois de anúncio do INCRA de ter realizado acordo para compra da fazenda. A ocupação realizada pela Associação CODEVISE (Comitê em Defesa das Vítimas da Santa Elina), apoiado pela Liga dos Camponeses Pobres, dificultou o processo de vistoria do INCRA e desatou um tenso conflito com outros grupos de sem terra dos acampamentos Rio das Pedras, Zigolândia e Cambará, apoiados por sindicato da Federação dos Trabalhadores de Rondônia , Fetagro. Todos eles reivindicando representar os remanescentes da Massacre de Corumbiara de 1995.
O acordo atual permitia aos ocupantes entrar na fazenda apenas durante o dia para cuidar da criação. Deste jeito foi possível ao INCRA realizar rapidamente a vistoria das terras e, no dia 14 de dezembro, oficiais da justiça federal de Rondônia concederam a posse ao INCRA, que procedeu ao registro cartorário das terras. Enquanto isso, em Colorado do Oeste teve início um mutirão para o cadastramento das famílias, que segundo informações, no momento está praticamente terminado.
Segundo a AGU (Advogacia Geral da União): "O imóvel foi declarado de interesse social para fins de reforma agrária em 2010 por decreto do presidente Lula. Em julho deste ano, o Incra realizou o pagamento das terras, desapropriando 14.550 hectares, avaliados em aproximadamente 53 milhões de reais.". O INCRA sempre declarou que as famílias remanescentes do massacre terão prioridade no assentamento, nos projetos de Assentamento Água Viva e Maranatá, duas das três fazendas em que foi desmembrada a fazenda Santa Elina. Calcula-se que 400 famílias poderão ter acesso a terra.