COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

A violência no campo é uma realidade cada vez maior entre os povos, territórios e comunidades rurais em todo o país. Nos últimos anos, vimos que a onerosidade, a negligência e até mesmo ações pensadas pelo Estado, associadas a implantação de uma necropolítica, proporcionaram o aumento da violência no campo no Brasil.

Diante disso, a Comissão Pastoral da Terra – Regional Piauí tornará público o relatório anual “Conflitos no Campo Brasil 2022”, no dia 19 de maio, às 16h, no Centro Guadalupe, em Teresina (PI). Na ocasião, a CPT PI irá apresentar os dados de conflitos no campo no estado e lançar a Campanha Contra a Violência no Campo. O evento é parte da programação do curso de Juristas Populares que acontece de 19 a 21 de maio na capital.

A publicação anual do caderno Conflitos no Campo, produzido pelo Centro de Documentação Dom Tomás Balduino (Cedoc-CPT), faz um destaque às violências ocorridas na Amazônia e no Cerrado, do qual o Piauí faz parte e onde se concentra o maior número de conflitos por terra no estado. Em 2022 foram registrados ao todo, 40 conflitos, envolvendo 810 pessoas no Piauí.

Os conflitos por terra seguem sendo os mais violentos devido aos desmatamentos, grilagem de terras, invasões, ameaças de expulsões, poluições e contaminações por agrotóxicos, violências contra as pessoas e ameaças de morte de trabalhadores rurais e indígenas famílias inteiras tem seus direitos violados e vivem com medo, pressionadas e adoecendo sob todas essas violações.

Em 2022, no Piauí ficou em primeiro lugar no Nordeste e em terceiro no Brasil que mais resgatou, possuindo 19 nomes na Lista Suja do trabalho escravo, de acordo com a última atualização do Ministério do Trabalho, em abril. O número de trabalhadores resgatados em situação de escravidão contemporânea no meio rural no estado do Piauí teve um aumento de 269% em relação ao ano anterior.

Em 2023, só nesses quatro primeiros meses do ano, 11 trabalhadores foram resgatados dentro do estado e mais de 200 trabalhadores piauienses foram resgatados em situação análoga à escravidão no país. 

Milhares de pessoas são submetidas à prática do trabalho escravo nessas regiões, sobretudo pela falta de oportunidades, ausência de políticas públicas e precarização do trabalho nas cidades. Os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras do campo e das cidades seguem sendo violados pelo Estado, pelos grandes empresários, fazendeiros e latifundiários.

O relatório anual Conflitos no Campo Brasil 2022 é um instrumento de resistência dos povos que enfrentam no dia a dia as violações de direitos em seus territórios e deve ser analisado pelos gestores como mecanismo de apresentação e mudança dessa realidade na elaboração de políticas públicas estruturantes para o campo.

Compreendendo que essa publicação é um relevante subsídio na atuação junto aos órgãos de defesa dos direitos de diversos povos do campo, a CPT e a outras organizações e movimentos sociais em suas lutas somam cada vez mais forças para amplificar as vozes dessas pessoas violentadas pelo capital e pela morosidade e/ou negligência do Estado. Nesta perspectiva foi criada a Campanha Contra a Violência no Campo, lançada dia 02 de agosto de 2021, com o objetivo de denunciar o contexto de agravamento dos conflitos, fomentar a criação de políticas estruturantes no campo e recomendar ações e políticas de proteção aos territórios e as vidas humanas ameaçadas fortalecendo ainda mais as resistências dos povos da terra, das águas e das florestas.

A CPT Piauí reforça o protagonismo e a resistência desses povos na defesa de seus territórios, dos seus direitos e a favor da vida.

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