COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Diante da grave situação humanitária vivida pelo povo Yanomami no estado de Roraima, evidenciada nas últimas semanas, a Articulação das CPT’s da Amazônia se solidariza com as dores desse povo, causadas principalmente pela invasão garimpeira nos seus territórios. Em 2022, a CPT denunciou o genocídio em curso contra os Yanomami, que decorreu da atuação deliberada do Governo Federal, ao lhes negar amparo emergencial de saúde e incentivar a exploração garimpeira em territórios indígenas.

Profunda tristeza nos embarga ao ver as imagens de crianças e idosos yanomami afetados pela fome e desnutrição, como pode ser acompanhado pelos meios sociais. Quantas pessoas caladas e envergonhadas não terão virado os olhos, sem suportar verem que aqui, em nossa Amazônia, morre à míngua um povo inteiro, num lugar tão rico em fartura e riqueza, ao lado do garimpo de ouro, que destrói a terra e mata o povo da floresta.

A invasão garimpeira como geradora das violências vivenciadas pelos yanomami acentuou-se nos últimos quatro anos. Diante desse cenário, foram repetidas as denúncias realizadas por nossos companheiros e companheiras da CPT, do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), da Universidade Federal de Roraima (UFRR), de organizações e movimentos sociais diversos, da comprometida Diocese e das organizações indígenas do estado de Roraima.

Em abril de 2022, por ocasião do lançamento da publicação Conflitos no Campo Brasil 2021, a Comissão Pastoral da Terra já denunciava o genocídio do Povo Indígena Yanomami, que havia culminado na morte, por consequência de conflitos, de 101 indígenas Yanomami, no ano de 2021, perfazendo um aumento de 1.110% em relação a 2020. Essas mortes estão relacionadas à omissão do Governo Federal em relação à absoluta precarização do atendimento de saúde indígena, inclusive durante a pandemia, e à inatividade em promover a desintrusão e responsabilização de garimpeiros ilegais nesse território.

Além das mortes por consequência de conflitos, a CPT também registrou o assassinato de 10 indígenas yanomami entre os anos de 2020 e 2022. Dentre eles, lembramos com profunda tristeza a morte de uma menina indígena de 12 anos, violentada sexualmente e assassinada por garimpeiros numa comunidade na região de Waikás, uma das mais atingidas pela invasão de mineradores ilegais na Terra Indígena Yanomami. Mais um exemplo cruel da violência praticada contra os povos originários no Brasil.

O quadro de violações de direitos humanos praticada contra o povo Yanomami retrata a realidade enfrentada pelos povos indígenas no País, que seguem privados do acesso a direitos fundamentais, sobretudo, do usufruto das terras por eles ocupadas. A superação dessa condição histórica de violência estrutural passa pela atuação do estado brasileiro atacando as causas geradoras dos conflitos, assim como, assegurando a defesa e permanência desses povos em seus territórios.

Desta forma, além da solidariedade para com o povo Yanomami, e com nossos companheiros e companheiras da causa indígena Brasil afora, a Articulação das CPT’s da Amazônia faz coro às exigências de responsabilização referentes a todos os crimes praticados contra a humanidade do povo Yanomami, que de longa data têm enfrentado uma triste realidade, por terem suas vidas violentadas por ações criminosas provocadas por projetos ditos desenvolvimentistas e pela omissão do estado brasileiro.

CONTRA O GENOCÍDIO DOS POVOS INDÍGENAS.

JUSTIÇA, VIDA DIGNA E PAZ AO POVO YANOMAMI!

Amazônia, 25 de janeiro de 2023.

Articulação das CPTs da Amazônia

Save
Cookies user preferences
We use cookies to ensure you to get the best experience on our website. If you decline the use of cookies, this website may not function as expected.
Accept all
Decline all
Read more
Analytics
Tools used to analyze the data to measure the effectiveness of a website and to understand how it works.
Google Analytics
Accept
Decline
Unknown
Unknown
Accept
Decline