COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

O episódio violento na comunidade Gleba Tauá - TO, resultou na agressão de dois trabalhadores rurais e três casas incendiadas, como denuncia Nota de Repúdio da CPT - Araguaia/TO

Por Andressa Zumpano - Assessoria de Comunicação da CPT Nacional

Trabalhadores rurais são agredidos e casas são incendiadas por funcionários de Pedro Amaro, arrendatário de uma área na comunidade Gleba Tauá, em Barra do Ouro-TO. A região possui um longo histórico de conflitos, onde casos de abusos, agressões e ameaças, que já resultaram em vários outros boletins de ocorrência protocolados contra o arrendatário. 

O episódio violento foi denunciado pela CPT- Araguaia/Tocantins, em nota de repúdio, que reforça o risco iminente sofrido pelas famílias camponesas "As famílias encontram-se apreensivas e se sentem desamparadas, uma vez que mesmo depois de ter realizado tantas denúncias, não se vê ainda nenhuma ação efetiva para, em espírito de justiça, solucionar este caso, não na base da agressão e da violência gratuita, mas sim de acordo com as leis do nosso país”.

Leia a nota completa: 

NOTA DE REPÚDIO

A Comissão Pastoral da Terra - Regional Tocantins, vem a público denunciar e repudiar as ações violentas ocorridas neste final de semana (05 e 06 de novembro) contra as famílias da comunidade camponesa da Gleba Tauá, no município de Barra do Ouro – TO. “Funcionários” do Sr. Pedro Amaro, conhecido como Pedro Curitiba, arrendatário de uma área dentro da Gleba Tauá, agrediram o trabalhador rural Bismark Bezerra dos Santos, com socos e chutes, além de tomarem o seu celular.

Acontece que, no último dia 26 de outubro, dois “funcionários” de Pedro Amaro foram até a chácara Quatro Corações, de posse de Bismark, para avisá-lo que, no dia 07 de novembro, iriam instalar uma cerca dentro da posse dele e que, se o mesmo ficasse no meio, “iria ser atropelado” e que, se ele tentasse arrancar essa cerca, eles iriam colocá-la de volta.

Mas antes da data anunciada, já na sexta-feira dia 04 de novembro, por volta das 11h da manhã, um grupo de 11 pessoas, supostamente “funcionários” de Pedro Amaro, foram até a Chácara Quatro Corações e começaram a instalar a cerca. Logo o trabalhador resolveu filmar com o seu celular a ação no intuito de poder denunciar os invasores. Foi neste momento que foi surpreendido pelos homens presentes, os quais o seguraram para tomar-lhe o celular e passaram a espanca-lo. 

Pouco antes, no mesmo dia, a Polícia Civil esteve no local realizando investigações; não estando mais presente no momento do ocorrido. Após receber da esposa do Bismark um pedido de socorro, a Polícia Militar foi até o local e flagrou a ação dos tais “funcionários” que continuavam a construir uma cerca. 

Neste mesmo dia 04/11, o casal vítima das agressões foi levado pela PM até Araguaína onde formalizou uma representação contra os responsáveis por essas violências. No entanto, no dia seguinte, o mesmo grupo de agressores não somente continuou construindo a cerca, mas ainda queimou a casa do vizinho do Bismark. 

No domingo 06/11, as violências se intensificaram: queimaram outras duas casas, destruíram a cerca da posse de vários trabalhadores da comunidade e agrediram um terceiro trabalhador, de nome Francisco. 

Até o presente momento ninguém foi detido. A Defensoria Pública tem buscado maiores informações e está dando apoio jurídico às famílias. 

A área palco das violências é uma terra pública da União, sobre a qual vigora uma Portaria do INCRA criando nela um Projeto de Assentamento (Port. n°285 de 1° de março de 2018). Uma ação judicial movida contra os posseiros por Pedro Amaro está ainda no aguardo de uma decisão.

Destacamos que não é a primeira vez que ocorrem fatos desse tipo dentro da Gleba Tauá. Já foram relatados casos de abusos, agressões e ameaças, e vários outros boletins de ocorrência foram protocolados contra Pedro Amaro, mas isso não adiantou, pois, o mesmo continua com as suas práticas violentíssimas.

As famílias encontram-se apreensivas e se sentem desamparadas, uma vez que mesmo depois de ter realizado tantas denúncias, não se vê ainda nenhuma ação efetiva para, em espírito de justiça, solucionar este caso, não na base da agressão e da violência gratuita, mas sim de acordo com as leis do nosso país. 

Comissão Pastoral da Terra Araguaia-Tocantins 

9 de novembro de 2022

 

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