COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

O indígena era professor e guerreiro do povo Uru Eu Wau Wau e foi assassinado no dia 18 de abril em Tarilândia,  distrito de Jaru (RO). A Terra Indígena onde Ari foi assassinado sofre invasões e loteamento de não indígenas.

Foto: Reprodução - Gabriel Uchida/Kanindé

Leia abaixo a carta pública na íntegra:

 

Carta Pública da Associação das Guerreiras Indígenas De Rondônia (AGIR) à sociedade brasileira e internacional sobre o assassinato do professor indígena Ari Uru Eu Wau Wau,

A Associação das Guerreiras Indígenas de Rondônia (AGIR) vem a público solidarizar-se com o povo Uru EU Wau Wau pela perda irreparável de seu guerreiro e professor Ari Uru Eu Wau Wau o qual foi encontrado morto e, segundo os indígenas, com sinais de espancamentos, na manhã deste sábado, dia 18 de abril de 2020, na Linha 625 de Tarilandia, no distrito de Jaru/RO.

Pelo menos seis terras indígenas sofrem com invasões e ameaças de invasão no início de 2019

Devido à forte possibilidade deste assassinato estar ligado às invasões e loteamentos de não indígenas dentro da Terra Indígena Uru Eu Wau Wau, requer-se que a Polícia Federal assuma a investigação e que o Ministério Público Federal acompanhe as investigações sobre a morte do professor Ari Uru Eu Wau Wau desde o seu início.

Carta em defesa dos povos indígenas, dos territórios culturais e dos direitos humanos: “nenhuma gota de sangue a mais”

Não aceitaremos que este caso seja tratado como acidente de trânsito ou um homicídio simples sem uma investigação séria que considere todo o contexto de invasões e de ameaças que esse povo vem sofrendo. Há tempos que os Uru EU Wau Wau e seus apoiadores vêm denunciando a invasão e os loteamentos de não indígenas dentro desta área e, ao mesmo tempo, vêm também denunciando as ameaças de morte que membros do Povo Uru EU Wau Wau vem sofrendo.

A maior violência contra os povos indígenas é a destruição de seus territórios, aponta relatório do Cimi

Exigimos que, uma vez identificados o/os assassino/s, que estes sejam imediatamente presos. Assim como exigimos que a FUNAI e todos os demais órgãos responsáveis pela fiscalização desta área indígena façam uma fiscalização contínua e não apenas pontual nesta área a fim de evitar novas mortes de indígenas Uru EU Wau Wau e de outros povos indígenas.

Continuamos na resistência e a gritar "Nenhuma Gota de Sangue a Mais"! Mas, o Estado Brasileiro não se importa com nossas vidas!

 

ASSOCIAÇÃO DAS GUERREIRAS INDÍGENAS DE RONDÔNIA-AGIR

Rondônia, 18 de abril de 2020.

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