É com imensa tristeza que recebemos a informação da morte de Verônica Milhomem, na manhã desta segunda-feira, dia 5. Dona Vera, como era conhecida, perdeu os dois únicos filhos, além de dois irmãos, dois sobrinhos e uma cunhada no Massacre de Pau D'Arco, em maio do ano passado.
(Fonte: Justiça Global | Imagem: Gisele Barbieri)
Ela dependia da família, em especial dos filhos, para viver, pois fazia tratamento de hemodiálise e utilizava uma bolsa de colostomia. Após as sete perdas que teve que lidar, ela começou a apresentar um quadro de agravamento da doença, assim como uma tristeza muito grande. Em setembro, teve a perna amputada e, agora, veio falecer por complicações ligadas ao seu estado de saúde.
O Estado é responsável por essa morte. Em momento algum, qualquer esfera do poder público procurou a família de Dona Vera para prestar auxílio. Ela dependia da ajuda de familiares e amigos e, inclusive, foi feita uma campanha pública para poder ajudá-la financeiramente.
O falecimento de Dona Vera é mais um exemplo de como a violência no campo faz vítimas para além das que tombam inicialmente na luta pela terra. É algo que também acontece na cidade, onde famílias inteiras adoecem após esses crimes, ao se verem impossibilitadas de acesso à Justiça e responsabilização para aqueles que os cometeram.
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As investigações do Massacre de Pau D'Arco se encontram no momento paralisadas, sem que sejam apurados os fortes indícios de envolvimento de fazendeiros e autoridades públicas da região no crime. Sobre indenizações e reparações, a situação é a mesma.
Que Dona Vera descanse em paz. E que a luta por Justiça em nome dela e de todas as outras vítimas desse massacre continue até que os responsáveis sejam identificados e que essas mortes no campo tenham um fim.
Dona Vera, presente!