Nesta última quinta-feira, 07, pistoleiros armados feriram diversas pessoas e mataram uma das lideranças do Acampamento Boa Sorte, o Hugo Rabelo Leite. O acampamento está localizado na Linha 02 da área do Assentamento Flor do Amazonas, em Candeias do Jamari, município próximo a Porto Velho, em Rondônia.
(Fonte: CPT Rondônia | Imagem: Joka Madruga)
Conforme informações dos acampados, o assassinato de Hugo é resultado do ataque de um grupo de jagunços armados que atiraram nos sem-terra para matar. O conflito ocorreu quando os acampados tentavam recolher suas criações, que haviam ficado para trás após uma reintegração de posse do antigo acampamento – esse despejo ocorreu no dia 17 de novembro desse ano. Os acampados também acreditam que o ataque seja uma retaliação por causa das declarações do grupo, que há semanas denunciam que policiais militares de Candeias e de Porto Velho realizam vigilância privada na região.
As terras em disputa, cerca de 5 mil hectares, estão situadas dentro de uma extensa área retomada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para fins de reforma agrária – área essa que ficou fora da delimitação do Assentamento Flor do Amazonas e que recentemente foi repassada para o Programa Terra Legal. Essa área, apesar de desapropriada, não foi distribuída para as famílias. Atualmente, médicos, servidor público do governo, policial, e advogados reivindicam a posse da área.
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Diante disso, mais de 250 famílias, inconformadas com a situação de grilagem dessa área, decidiram ocupar as terras e criar o Acampamento Boa Sorte. Entretanto, os conflitos logo começaram. No dia 15 de outubro, os acampados denunciaram que sofreram um ataque de jagunços armados quando caminhavam em direção ao Rio Preto para pescar.
Posteriormente, as famílias sofreram uma reintegração de posse, em 17 de novembro, quando tiveram que ser alojadas no Ginásio de Esportes de Candeias do Jamari. Já no dia 25 de novembro, as famílias voltaram para a região, pois conseguiram um contrato de comodato com um camponês do Assentamento Flor do Amazonas, onde foi montado o novo acampamento. O responsável por esse lote, contudo, está sendo ameaçado por ter autorizado a formação do acampamento.
Todos estes fatos foram divulgados e denunciados. Entretanto, até o momento, não foram investigadas as denúncias de agressões sofridas pelos sem-terra e também a questão sobre as milícias armadas e formadas por policiais.