COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Hoje, quinta feira, o Tribunal de Justiça do Paraná julga o caso do homicídio do agricultor sem terra Sebastião da Maia, morto com tiros a queima-roupa em uma emboscada no município de Querência do Norte (PR), no ano 2000. Será julgado o recurso contra a decisão do Júri Popular da comarca de Loanda, que absolveu o pistoleiro acusado de matar Sebastião da Maia, e pela tentativa de homicídio de Pedro Carvalho, agricultor sem terra que sobreviveu ao atentado.

 


Hoje, quinta feira, o Tribunal de Justiça do Paraná julga o caso do homicídio do agricultor sem terra Sebastião da Maia, morto com tiros a queima-roupa em uma emboscada no município de Querência do Norte (PR), no ano 2000. Será julgado o recurso contra a decisão do Júri Popular da comarca de Loanda, que absolveu o pistoleiro acusado de matar Sebastião da Maia, e pela tentativa de homicídio de Pedro Carvalho, agricultor sem terra que sobreviveu ao atentado.

O assassinato ocorreu na região noroeste do Paraná em uma época marcada pela violência e seletiva impunidade das milícias ruralistas, que agiram na região realizando despejos ilegais e assassinatos de trabalhadores rurais sem terra. Somente entre os anos de 1998 e 2004, foram cinco assassinatos de agricultores sem terra. Três deles somente na comarca de Loanda. Nenhum dos acusados foi condenado até hoje e dois dos casos ainda não saíram do inquérito policial.

O clima de violência e seletiva impunidade já foi reconhecido pela Corte Interamericana de Direitos Humanos - CIDH, da Organização dos Estados Americanos - OEA, que em 2009 condenou duas vezes o Brasil por violações de diversos direitos das vítimas e seus familiares, dentre eles, os direitos judiciais. As condenações referem-se a violações aos direitos de trabalhadores sem terra ocorridas na comarca de Loanda, e envolvem diretamente Elizabeth Karther, a juíza do processo em julgamento hoje no TJ. Na primeira condenação, a CIDH reconheceu que a juíza autorizou escutas telefônicas ilegais contra trabalhadores rurais sem terra. Na segunda, foi atestado que a juíza arquivou indevidamente o processo criminal que investigaria a morte do trabalhador rural Sétimo Garibaldi.

No julgamento mais uma irregularidade da atuação da juíza Elizabeth Karther esta no centro da discussão. Na condução da audiência do Júri, a juíza ouviu uma testemunha que apareceu de surpresa, e nunca havia sido mencionada no processo. A sua versão dos fatos, no entanto, acabou por influenciar a decisão dos jurados.

 

Entenda o caso

 

O crime aconteceu em uma emboscada no interior da Fazenda Água da Prata, em Querência do Norte (PR). Os trabalhadores estavam acampados na fazenda havia alguns dias e transitavam por uma estrada rural quando foram surpreendidos por um pistoleiro. Na emboscada, o lavrador Sebastião da Maia foi morto com dois tiros a queima-roupa na cabeça.

O outro agricultor, Pedro de Carvalho, ficou ferido, mas sobreviveu ao atentado. Perante os jurados, Pedro Carvalho reconheceu o acusado como autor dos disparos, o que, no entanto, não foi levado em consideração pelo Júri.

Na justiça, o caso foi marcado por irregularidades. A defesa do acusado de pistolagem fez com que a audiência do Tribunal do Júri fosse desmarcada por três vezes, o que adiou o julgamento em seis anos.

Quando finalmente foi realizado o julgamento, a juíza Elizabeth Kharter permitiu que uma testemunha, apresentada de surpresa na hora do julgamento, fosse ouvida – fato este proibido pela lei. Vale ressaltar que esta testemunha nunca foi mencionada ao longo dos seis anos de processo. De outro lado, a mesma juíza ignorou as denúncias da acusação sobre indícios de que esta testemunha havia sido comprada para prestar depoimento.

Tirado o depoimento irregular da testemunha surpresa, todas as provas do processo giravam em torno da palavra da vítima contra a do acusado. Ao final de uma tumultuada audiência, marcada pela nulidade da testemunha surpresa, os jurados absolveram o acusado em impressionante decisão que foi contrária às evidências apuradas ao longo de seis anos de processo.

Informações

Julgamento: 01/07/2010

Local: Tribunal de Justiça/PR (1ª Câmara Criminal)

Horário: A partir das 13h30min

Save
Cookies user preferences
We use cookies to ensure you to get the best experience on our website. If you decline the use of cookies, this website may not function as expected.
Accept all
Decline all
Read more
Analytics
Tools used to analyze the data to measure the effectiveness of a website and to understand how it works.
Google Analytics
Accept
Decline
Unknown
Unknown
Accept
Decline